segunda-feira, janeiro 19, 2009

ENTREVISTA/Cate Blanchett

Também conversei com dona Blanchett, desta vez bem mais simpática do que quando a entrevistei logo após as filmagens da seqüência sobre a Rainha Elizabeth, um dos piores filmes históricos que vi. Blanchett, creio, também não tinha gostado do que havia visto na telona e foi especialmente rude. Desta vez ela até brincou de cantora com um microfone sem-fio, como se estivesse em um caraoquê e não à frente de jornalistas do mundo todo.

Ó só a moça aqui:

Cate Blanchett

Uma mulher plena

 - Foto: Reuters - 0

Foto: Reuters

De camiseta de listras e jeans colado sobre saltos altíssimos, a australiana Cate Blanchett, casada há 12 anos com o roteirista e diretor teatral Andrew Upton, 42, e mãe dos meninos Dashiell John, 7, Roman Robert, 4 e Ignatius, 8 meses, tomava no gargalo água mineral e esbanjava o corpo esbelto enquanto o diretor David Fincher, 46 - que trabalhou com seu ator favorito (Pitt) nos sucessos Seven - Os Sete Crimes Capitais (1995) e O Clube da Luta (1999) -, não conseguia parar de olhar para ela e Brad Pitt, embasbacado. A seguir, trechos do que ela falou aos jornalistas.

Você se apaixonou de cara por sua personagem?
''A personagem me atraiu porque vive uma história que é completamente impossível, absurda, o cúmulo da ficção. A ambição de Benjamin Button é tão grande e as emoções contidas nele tão exacerbadas que, quando li o roteiro pela primeira vez, fiquei sem saber exatamente quem era aquela mulher e não consegui mais pensar em outra coisa. Daisy transformou-se em um enigma que eu precisava desvendar. E, claro, também havia o prazer imenso de fazer uma personagem da idade mais tenra até a velhice, algo raríssimo de se fazer em minha profissão. Que atrizes tiveram essa chance?''

Fez algum tipo de laboratório para encarná-la?
''Minha preparação para o filme foi minuto a minuto, literalmente. Tive de olhar atenciosamente para os fatos mais importantes de minha própria vida e emparelhá-los com os de Daisy. Como, por exemplo, quando meu corpo falhou pela primeira vez em cena, que aconteceu perto de eu completar 30 anos (ela não explica o que aconteceu), e o acidente de carro que Daisy sofre no filme.''

Como foi passar pelo processo de envelhecimento de Daisy?
''Há uma questão fundamental na hora do envelhecimento em cena: a luz. Você consegue fazer maravilhas com uma boa equipe de iluminação. Somente usamos efeitos digitais quando eles eram de fato necessários. Acredite em mim, quando você ilumina uma mulher de modo indelicado, ela vai envelhecer no mínimo 10 anos!''

Este é um filme que toca e faz pensar, que mensagem tirou dessa fábula?
''Quando você olha para uma pessoa mais idosa, naturalmente pensa em alguém que tem mais experiência de vida. O que o filme traz de fabuloso são as idas e vindas da narrativa, em que você vê uma mulher de 23 anos e, na cena seguinte, a mesma Daisy, feita pela mesma atriz, está com cerca de 82. É ali que o filme toca em algo profundo e universal, que é a experiência do envelhecimento, comum a quase todos nós.''

O que é mais desafiador para você neste momento de sua carreira: representar uma jovem ou uma idosa?
''Não diria que é especialmente mais complicado representar alguém jovem e inocente do que a mesma personagem idosa e sábia, o difícil é encontrar a especificidade de cada momento. Nem toda idosa, por exemplo, é repleta de vida. Não concordo que haja uma atitude genérica para uma mulher idosa. Meu desafio foi encontrar a Daisy de forma natural, com todos os seus arrependimentos e desejos, que ainda existem de forma muito clara aos 82 anos.''

Um comentário:

Anônimo disse...

Apesar de curta, essa entrevista até que foi legal!
Quando é que você encontrou a Cate? E em que sentido ela foi rude da primeira vez?

Abs,

Mait.