Hoje o NYT traz uma reportagem de Celia W.Dugger analisando os dados do Banco Mundial que mostram uma redução significativa dos níveis de pobreza na...antiga União Soviética. Desde 1998, quando a Crise Russa derrubou mercados em todo o mundo, 40 milhões de pessoas deixaram a pobreza para trás no Leste Europeu e nos países da antiga URSS. Os pobres ainda são 61 milhões, mas a proporção de miseráveis caiu de um para cada cinco habitantes para um e cada oito.
As razões para a melhora? Para o neo-con Banco Mundial foram duas: crescimento econômico e aumento da oferta de empregos. Mas pesquisadores locais falam do nível educacional dos trabalhadores da antiga União Soviética, mais alto do que o padrão, como um fator fundamental para a mobilidade social.
Os dados mostram um crescimento desigual: enquanto Rússia, Hungria, Moldávia, Romênia e Cazaquistão diminuem a pobreza a passos largos, a Polônia e a Geórgia continuam a aumentar as desigualdades sociais.
Enquanto isso, no Brasil e nos Estados Unidos...
A reportagem, em inglês, pode ser encontrada, para leitores cadastrados (de graça), no endereço http://www.nytimes.com/2005/10/13/international/europe/13russia.html
quinta-feira, outubro 13, 2005
Pinter, sempre Pinter
Diretinho da Redação (33)
VOU VOTAR SIM
Os americanos estão morrendo de rir. Nas pequenas notas que aparecem nos jornais de cá sobre o plebiscito do dia 23, o deboche tem sido a regra. Ninguém consegue compreender como um país envolto em um gigantesco escândalo de corrupção e em uma perigosa crise institucional pode gastar mais de R$ 200 milhões no referendo sobre o desarmamento de seus cidadãos. Só no Brasil, me dizem.
Não, eu não sou apostolo do não. Não mesmo. Se o controle de venda de armas e munições estivesse valendo aqui nos Estados Unidos, não teríamos testemunhado a barbárie de Nova Orleans, quando um dos maiores problemas da polícia foi justamente lidar com cidadãos armados. O Centre for Humanitarian Dialogue, uma ONG seriíssima sediada em Genebra, acaba de lançar uma publicação em que mostra como a posse de armas por civis atravanca e muitas vezes impede mesmo a ajuda a necessitados em todo o mundo. Um em cada cinco trabalhadores engajados em programas de auxílio a populações afetadas por desastres já foram baleados por civis.
É claro que o desarmamento é uma pedra enorme no sapato dos americanos. Há todo o catecismo liberal de que uma consulta popular como a do dia 23 atenta contra a liberdade do indivíduo. Mas o buraco é mais embaixo. Os Estados Unidos são, desde 1993, o líder na exportação de armas para países ‘em desenvolvimento’, com lucros de US$ 61,5 bilhões. O negócio mobiliza mais de 300 fábricas e o mercado doméstico é considerado o maior do mundo. Estima-se que 34% dos americanos (uma multidão de 95 milhões de pessoas) possuem ao menos uma arma de fogo em casa. Existem hoje mais de 200 milhões de armas nas mãos de civis por aqui e pesquisas mostram que a maioria não se sente mais segura ao adquirir seu armamento.
Como não há legislação específica – o plebiscito brasileiro é pioneiro no mundo – a revenda de armas é hoje um dos grandes problemas da polícia norte-americana. A cada chacina em colégio de segundo grau ouve-se especialistas em segurança pública reclamando que não há como prevenir a compra de armas por adolescentes ou gente que já passou algum tempo no xilindró.
Aqui, vende quem quer, compra quem pode. E os crimes hediondos têm diminuído na mesma proporção em que aumentam os casos fatais de violência doméstica com o uso de armas.
Não me iludo achando que este desarmamento vai acabar com a violência urbana no país.
Mas, vem cá, afinal de contas, de que tanto riem os americanos?
Eu voto sim no dia 23.
Regina é de Morte
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