quinta-feira, dezembro 06, 2007

Entrevista/RENÉE ZELLWEGER


A Contigo! desta semana traz minha entrevista com a atriz Renée Zellweger. Apesar de seu sotaque texano, ela foi uma agradável supresa para o entrevistador que, confesso, tinha lá uma implicância com a dona Bridget Jones. Aqui vai a conversa completa:

Doce Como Mel

Eduardo Graça, de Nova Iorque, para a Contigo!

Renée Zellweger adora fazer o entrevistador rir. E, com um timing ímpar, que só os grandes comediantes têm, parece sorver com gosto cada gargalhada arrancada sem força entre uma resposta e outra. A conversa exclusiva com a Contigo! se deu na suíte de um hotel luxuoso de Manhattan durante a maratona de divulgação do filme Bee Movie: A História de uma Abelha, que chega aos cinemas brasileiros no dia 7.

Na animação idealizada pelo comediante Jerry Seinfeld ela dá voz a uma florista que acaba se tornando a amiga número um da abelha tinhosa vivida por Seinfeld. Sua próxima aparição de corpo inteiro na tela grande será como uma jornalista na comédia romântica Leatherheads, o novo filme de George Clooney, com estréia prevista para abril. O galã criou o papel especialmente para a amiga (e, dizem as boas línguas, ex-namorada), a quem só trata carinhosamente pelo apelido ‘jovem Ginger Rogers’, em uma alusão à parceira imortal de Fred Astaire.

Vencedora do Oscar de melhor atriz por Cold Mountain em 2003, Renée se casou dois anos depois com o cantor de música country Kenny Chesney em uma cerimônia realizada nas areias de uma praia nas Ilhas Virgens. O casamento foi anulado meses depois da festança e os boatos, nunca confirmados, davam conta de que Chesney era homossexual. Animada, a loirinha namorou Jim Carrey, o líder do White Stripes, Jack White, e foi vista no último verão acompanhada para cima e para baixo por ninguém menos do que sir Paul McCartney. Com o coração livre, leve e solto, a estrela de Chicago e O Diário de Bridget Jones revela sua paixão pelo Brasil, conta que se mudou de Los Angeles para não ‘alimentar os peixes insaciáveis’ da indústria da celebridades e diz que a gordinha mais amada de Hollywood - Bridget Jones! - pode um dia voltar para mais uma história. É aguardar para ver.



Você é dona de uma das vozes mais reconhecíveis de Hollywood. E pela segunda vez a empresta a uma animação. Quando percebeu que sua voz era assim tão especial?
Adoro saber disso, mas odeio dizer que não tenho a menor consciência de que tenho uma voz tão singular assim. Ju-ro! (pronuncia a exclamação com a voz bem fina e cai na gargalhada). Mas sabe que já ouvi várias vezes as pessoas dizendo, nas mais diversas situações: ouvi uma voz e sabia que era você mesmo sem vê-la! Agora, quanto a fazer um desenho animado, sabe que nunca me senti tão exposta no cinema?

Exposta? Mas seu corpo não aparece na tela!

Exatamente! E me senti mais vulnerável do que nunca. Você simplesmente não pode usar ferramentas amigas, como os figurinos, ou um corte de cabelo diferente que te protegem, te dão a idéia de que não é você se mostrando inteira na tela, é outra pessoa. Com Bee Movie era eu e o microfone, ali, sozinha, pronta para me sentir uma total idiota (risos). E fazia lá meus movimentos, se ela estava na cozinha, eu imaginava uma cozinha, se jogando tênis, jogava meu corpo para lá e para cá, mas, no fim, não prestava atenção de fato na voz. Diria que atuar em uma animação tem mais a ver com leitura do que com atuação. Você precisa ler de uma forma convincente e passar a verdade do personagem através desta leitura.

Você acabou de filmar Miss Potter, um outro filme voltado para crianças. Você não tem filhos, mas consegue perceber alguma conexão especial com crianças?

Você não tem idéia, sou a tia Renée, a dindinha Renée (risos)! Tenho meus afilhados, meus sobrinhos. E sempre converso com eles sobre os filmes. Meus afilhados Huckleberry e Louella vivem me perguntando: você já terminou o filme, dindinhaa? E já prometi que eles serão meus acompanhantes na estréia do filme (o que de fato aconteceu dias depois, com as duas crianças vestidas de abelhas atravessando o tapete vermelho com Renée no cinema de Manhattan).

E você acredita no tal do relógio biológico? Você acabou de fazer 38 anos...

Não mesmo. E não é que não haja espaço para maternidade em minha vida, não é isso! Se a vida naturalmente me guiar para este caminho, vou adorar. Mas seria como se eu dissesse a você que quero dirigir um filme apenas porque quero ser uma diretora, sem uma real motivação para tanto, sabe? Eu não quero apenas ser uma mãe e pronto. Aliás, de certa forma, já sou uma mãe!

Como assim?
Tenho um cão que amo de paixão por 15 anos e cada decisão sobre minha vida envolve o bem-estar dele (risos). Sério, o que quero dizer é que reconheço ter este sentimento de cuidado, de amor incondicional, que poderia em algum momento de minha vida ser sim realizado. Mas não acredito em pré-requisitos para ser feliz. E ficar aqui sentada neste hotel dizendo – ah, queria tanto ser mãe - me parece um pouco ridículo, quando minha vida é tão rica do jeito que ela é agora.

Há alguma chance de você nos presentear com mais uma Bridget Jones?
Esta é uma ótima pergunta! Teria de pensar muito, porque é um personagem que mexe muito com meu metabolismo, tenho de mudar a alimentação e o meu corpo de uma forma muito radical. É como se você vivesse, durante um ano, em outro corpo que não o seu. Mas sou tão apaixonada pelo personagem que, ai, meu Deus, acho que faria sim! (risos). Mas teria de contar com o roteiro certo, da Helen Fielding, que é a essência da Bridget, e a direção certa, assim como os filmes que Matt Damon faz com o agente Jason Bourne. Aí, acho que não resistiria.

Você estava me contando que quase não pára em sua casa, que vive zanzando de hotel para hotel. Existe alguma coisa de sua vida de menina no Texas, antes da explosão de Jerry Maguire, da qual você sente falta?
Sim, havia mais serenidade em minha vida naquele tempo. Tinha menos responsabilidades. Se fosse mais uma garota texana, poderia dançar a noite toda num show do Billy Joel e rir até cair de chorar, como fiz há pouco tempo, sem me sentir à venda. Sabia que estava sendo fotografada, sei que serei fotografada sempre enquanto estiver atuando em filmes, mas ainda odeio, ainda abomino, o fato de ser coisificada, de estar aparentemente à venda, sabe? À minha volta, tudo parece estar à venda – o que eu bebo, o que eu como, minhas expressões faciais, com quem eu falo, o que parece ser certa situação. Deus me livre de os papparazzi escutarem um dia o que eu realmente falo em minhas conversas!(risos).

Seria ainda mais complicado se você morasse em Los Angeles...
Sim, por isso me mudei de lá e vivo em Nova Iorque e em minha fazendinha em Long Island (a leste de Manhattan). Não queria mais alimentar os peixes famintos por novidades, sabe? (risos)

Você deveria então mudar-se para o Brasil...

Que boa idéia! (risos). Nunca fui ao país, mas tenho muita vontade de passar um tempo em seu país. Sabe que eu tenho uma amiga brasileira, Adriana Fadul? Oi, Adriana! (risos). Ela fazia escola de enfermagem no Rio e veio para o Texas para fazer um curso intensivo de inglês e ficamos muito próximas. Foi um verão sensacional, a gente dividiu um quarto e eu aprendi até umas palavrinhas em português.

Quais?

Por favor me desculpe, mas Adriana não está aqui no momento, por favor ligue mais tarde. (risos). Só isso, mas ajudava! (risos). Perdi o contato com ela, sei que Adriana se formou, deve hoje ser uma genial enfermeira, mas nunca mais nos falamos. Eu deveria tentar encontrá-la! Quem sabe vocês não conseguem encontrá-la, para mim, hein, povo da Contigo!? (risos).

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Arte Latino-Americana no MoMA


Saiu hoje na Folha de S.Paulo minha matéria sobre a exposição New Perspectives in Latin American Art, que fica no MoMA até fevereiro e apresenta uma compilação do acervo latino-americano do museu, considerado por especialistas o mais completo do gênero. A exposição reflete o bom momento que a arte contemporânea latino-americana vive aqui nos EUA. A imagem acima é uma das telas mais icônicas da exposição, do uruguaio Joaquín Torres-Gracia, de 1938.

Arte latina vive fase excepcional em Nova York
Um dos maiores museus do mundo, MoMa apresenta 200 obras de artistas contemporâneos da América Latina. Exposição, elogiada pela crítica, traz peças dos brasileiros Hélio Oiticica, Lygia Pape, Mira Schendel, Alfredo Volpi e Vik Muniz

EDUARDO GRAÇA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Pela primeira vez em 40 anos, o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) apresenta uma retrospectiva exclusivamente dedicada a obras de arte latino-americana adquiridas pela instituição. Reunindo 200 peças -entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, fotografias e instalações- incorporadas ao acervo do museu na última década (a partir de 1996), "New Perspectives in Latin American Art" ocupa dois andares do prédio da rua 53 até fevereiro do ano que vem e é o exemplo mais gritante do excepcional momento em que vive, nos Estados Unidos, a arte moderna e contemporânea produzida na região. Até o próximo dia 8, a Grey Art Gallery da Universidade de Nova York (NYU) está ocupada pelos destaques da coleção de arte latino-americana da venezuelana Patrícia Phelps de Cisneros (mulher de Gustavo Cisneros, uma das maiores fortunas do continente). E a primeira feira dedicada exclusivamente à arte contemporânea latino-americana em Nova York, a Pinta, ocupou por cinco dias de novembro o Metropolitan Pavillion, na rua 18.

Um dos conselheiros informais de Cisneros é justamente o idealizador de "New Perspectives", Luiz Pérez-Oramas, que no ano passado se tornou o primeiro curador de arte latino-americana do MoMA, o único cargo do museu definido por limites geográficos, e não por vertente artística. "Há algo singular em relação à arte moderna na América Latina. Os latino-americanos jamais negaram a concepção do objeto e se afastaram da idéia de desmaterialização da arte, tão intensa na realidade anglo-saxônica. A produção de objetos como conceitos sem dúvida fascina o espectador norte-americano", diz.

Brasil
Uma das salas mais impressionantes da mostra é a que dispõe, frente a frente, a "Caixa-Bólido 12 Arqueológica", de Hélio Oiticica, e o "Livro da Criação", de Lygia Pape. Entre os destaques brasileiros, estão obras de Mira Schendel (que em 2009 será tema da exposição, também no MoMA, "Leon Ferrari & Mira Schendel: Written Paintings/Objects of Silence"), Lygia Clark, Alfredo Volpi, Waltercio Caldas e Cildo Meirelles. Os dois últimos são exceções em uma mostra que excluiu a arte mais política dos anos de chumbo.

Aquisições
O período em que o MoMA menos adquiriu obras de artistas da América Latina foram as décadas de 70 e 80, em que as ditaduras militares sufocaram a região. "Ironicamente, trata-se da época em que as populações desses países migraram para os Estados Unidos de forma mais intensa. Ouso dizer que nenhuma instituição cultural norte-americana prestou atenção à arte da América espanhola e portuguesa nesse período. Queremos começar a mudar esse quadro", diz o venezuelano Pérez-Oramas.

Roberta Smith, severa crítica de arte do "The New York Times", teceu loas à mostra, que considerou riquíssima e com excelente seleção de obras (incluindo trabalhos do uruguaio Joaquín Torres-García, dos argentinos Xul Solar e Leon Ferrari e dos venezuelanos Rafael Soto, Gerd Leufert e Gego), indo além da exposição da NYU ao apresentar exemplos de produção mais recente da região. Dos artistas brasileiros pós-80 destacam-se em "New Perspectives" José Damasceno, Leonilson, Iran do Espírito Santo, Anna Maria Maiolino, Ernesto Neto e Vik Muniz, que comparece com nove obras, entre elas a imensa fotografia "Narcissus, after Caravaggio", de 2005, parte da série "Pictures of Junk", instalada na sala de entrada do segundo andar do museu. "A escolha dessa obra do Vik mostra que estamos, aqui, olhando para nós mesmos. A exposição é um grande espelho, uma conversa sobre o que se faz nos EUA e na América Latina neste exato momento. Ela pretende ajudar o espectador a entender a arte contemporânea como um todo, a partir de sua manifestação latino-americana", diz o curador.

O acervo de arte latino-americana do MoMA -com 3.591 obras (600 adquiridas na última década)- é considerado por especialistas o mais compreensivo dedicado à região no planeta.

domingo, dezembro 02, 2007

A Neve Chegou

Oficialmente o inverno somente começa no dia 21 de dezembro. Mas o frio já é intenso e hoje nevou pela primeira vez no segundo semestre do ano. As fotos são do Will.

A sala. Lá fora, neva...

A varanda, branquinha...
Bicicleta e jardim agora, só no ano que vem

O cantinho marroquino
Nosso quarto, com luz no fim de tarde e aquecedor-extra. É noite às 16h30...

Ah, e a lareira, indispensável...