quinta-feira, junho 29, 2006

Brazilian Bombshell?


Ela está na capa de hoje do tablóide NY Post, que a apelidou de a nova ‘Brazilian Bombshell”, uma referência – infeliz – a Carmen Miranda. A reportagem, assinada por três jornalistas, conta que Andréia Schwartz, acusada de comandar uma rede de prostituição em Manhattan, se declarou ontem inocente na audiência pública a que foi forçada a comparecer. Aparentando calma, ela leu um documento para a polícia nova-iorquina em que diz que ‘só faz sexo com homens pagando mesmo, porque por prazer, desde que se separou, só transa com mulheres’.

Andréia conta que, até ser presa na semana passada, sobrevivia de uma mesada de US$ 50 mil dada pelo diretor de investimentos da Barrett Associates, Robert Voccola. Andréia tem 31 anos. Robert, 68, é casado e vive com a mulher em uma mansão no subúrbio de Nova Jérsei. Seu azar foi estar no apartamento de Andréia na hora em que a polícia baixou no recinto.

A brasileira conta que ia para a cama com doctor Robert duas vezes por semana. E levava para casa a mesada, o pagamento das mensalidades do financiamento do apartamento que ela está comprando na ilha, cheques, um cartão de crédito para ‘despesas especiais’ e, já que ele é mesmo do ramo, recebia ‘conselhos de onde melhor investir meu dinheiro’.

Andréia contou que já tinha juntado uma boa grana por conta dos quatro anos de ‘relacionamento especial’ com Wayner Pace, 56, o todo-poderoso comandante do departamento financeiro da Time Warner. Doutor Wayner teria investido cerca de US$ 200 mil na Brazilian Bombshell, permitindo a ela dar entrada em seu apartamento no caríssimo bairro do Chelsea, avaliado em cerca de meio milhão de dólares. Ele nega. Detalhe: a propriedade está em nome de Andréia e de seu ex-marido, Forrest Cannon, um profissional do mercado financeiro que hoje vive em Hong Kong. A irmã de Forrest, Lee, enviou uma carta à Justiça de Nova Iorque, também apresentada ontem, em que diz ‘saber que Andréia é profundamente ingênua e provavelmente foi enganada por pessoas de má-fé’.

Andréia contou que ‘arranjava encontros românticos’ entre clientes e seu estafe de seis meninas. O preço é salgado: de US$ 500 a US$ 2 mil por ‘atendimento’, mas ela diz que ‘só ficava com uma pequena parcela’ do montante recebido pelo esforço de suas moças. Sobre as 17 sacolas de cocaína encontradas em seu estabelecimento, Andréia foi direta: ‘não sou traficante de drogas, mas neste ramo de negócios a gente tem de trabalhar com coca, os clientes gostam’. Os procuradores encarregados do caso querem ir mais a fundo. E acham estranho ela portar múltiplos passaportes – brasileiros e italianos – e ter sido abordada mais de uma vez em aeroportos internacionais por conta da quantidade de dinheiro em espécie – nunca declarados na alfândega - que carregava em sua bolsa de mão. Como o Brasil jamais firmou tratado de extradição com os EUA, os procuradores acham que Andréia pode simplesmente se mandar para a América do Sul e nunca mais voltar para a dura vida do Chelsea.

Com um blazer negro e camisa marrom, Andréia descobriu que sua fiança – se quiser esperar o julgamento fora do xilindró – foi estabelecida em US$ 1 milhão ou US$ 500 mil em espécie. Ela alegou ontem que pode dispor, no momento, de ‘apenas 330 mil dólares’, em poupança e conta-corrente. Mas os procuradores alegam que mais de US$ 1,5 milhão passaram por sua conta desde 2001. “Não vejo problema algum nisso. Todos sabem que os EUA são o melhor lugar para se investir dinheiro”, contra-argumentou Andréia. Uma nova audiência foi marcada para o dia 10 de agosto e saberemos um pouco mais desta que já é a personagem brasileira do ano aqui em Nova Iorque, Andréia, a ‘Brazilian Bombshell’ do século XXI.

quarta-feira, junho 28, 2006

Diretinho da Redação (46)


O texto da semana já está no DR. O editorial do The Wall Street Journal, um tiro de canhão contra os governos da Venezuela, Argentina, Bolívia, Cuba e Brasil, pode ser lido aqui.

ELEIÇÃO PARA O CONSELHO DE SEGURANÇA

Eduardo Graça

Durante todo o governo Bush Jr. tem sido assim: a América Latina só entra na pauta de Washington quando o tema é segurança internacional. Na sexta-feira, o conservador The Wall Street Journal publicou em sua página de opinião um texto venenoso alertando para o novo movimento de uma das mais importantes ameaças para a paz mundial – Hugo Chávez. Em “Votar na Venezuela é Votar no Irã”, a jornalista Mary O’Grady procura constranger os países do continente que declararem seu apoio a Caracas. Por sua “aliança estratégica com Teerã”, a Venezuela simplesmente estaria proibida de sentar cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Em nome da segurança planetária.

Como se sabe, apenas cinco cadeiras no órgão mais importante das Nações Unidas são permanentes – e seus donos são os EUA, a China, a Rússia, a Inglaterra e a França. Outras cinco das 10 vagas rotativas do conselho serão renovadas no segundo semestre. A que hoje é ocupada pela Argentina, em um mandato de dois anos, está entre a Venezuela e a Guatemala, esta última incentivada pelos falcões republicanos. E, como para se passar qualquer resolução é necessário o apoio de nove eleitores, cada voto é de vital importância. O’Grady, responsável pelos editorais do continente no jornalão de Nova Iorque, não vê motivos para os países da América do Sul e do Caribe se unirem em torno da Venezuela. Afinal, a Guatemala é uma democracia liberal, e Chávez um caudilho da pior categoria.

Como uma boa dose de História não faz mal a ninguém, vale lembrar que, desde 1954, quando a C.I.A. fomentou o golpe contra o presidente eleito Jacobo Guzman, a Guatemala viveu uma das mais sangrentas ditaduras da América Central, com a implantação de um verdadeiro regime de terror contra a maioria étnica, índios de origem maia. Mesmo depois dos acordos de paz de 1996, os abusos continuaram.

De acordo com a Anistia Internacional os bandidos dos esquadrões da morte ligados às Forças Armadas que agiram livremente no país nas últimas décadas jamais sofreram qualquer punição. A violência sexual contra mulheres é gritante, chegando-se ao número recorde de 605 assassinatos registrados pelas autoridades locais no ano passado. Por estas e outras, a AI apelidou a Guatemala de "terra da injustiça".

Mas nada disso importa. Se as coisas continuarem como estão, a Guatemala seguirá uma aliada ferrenha dos EUA e votará com o país nas decisões do Conselho de Segurança. O mesmo não se pode esperar de Chávez. E, por isso, o Journal não vê problema algum em publicar que “a Guatemala, ao contrário da Venezuela, tem um histórico de cooperação com a ONU”. E que Caracas, hoje dominada por uma ‘ditadura do petróleo’, cujos principais valores são a ‘tirania e a opressão de sua população’, quer a cadeira para defender estados ‘hostis’ como “Coréia do Norte, Cuba e Sudão”. A Guatemala, em contrapartida, estaria interessada em ser "a voz da região".

O jornal vai além, esculhambando o governo Kirchner e sua Argentina, este “refúgio de nazistas, porto seguro para terroristas chilenos e espanhóis, que administrou tão mal seus recursos que agora sobrevive da caridade de Chávez”. Sobra também para os companheiros encastelados em Brasília, que estariam “orquestrando o confisco do gás boliviano, e tratando os interesses dos cidadãos brasileiros com descaso e de modo indigno”. A exceção fica por conta das “democracias sérias” do mundo abaixo do Arizona: o México e a Colômbia. Detalhe: o Journal é hoje o segundo jornal diário de maior circulação nos EUA, com mais de dois milhões de exemplares em média, só perdendo para o USA Today.

O embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, já mandou avisar que “um voto na Guatemala é um voto nos Estados Unidos”. A laureada O’Grady é ligada aos neo-cons de Washington e trabalhou durante uma década na Meryll Lynch. Nem ela nem o Wall Street Journal dão ponto sem nó. Na sexta-feira, eles foram além de Bolton. E, em ano de eleição, fica aqui a imensa curiosidade para saber de que modo o Itamarati vai reagir a esta agora explícita tese da direita norte-americana: a de que, na ONU, “um voto em Chávez é um voto nos aiatolás”.

terça-feira, junho 27, 2006

Oficial Americano Diz Não à Guerra


Em um depoimento histórico, gravado na caserna, o Primeiro-Tenente Ehren Watada, 28 anos, se tornou o primeiro oficial das forças armadas norte-americanas a simplesmente se recusar a participar da ocupação no Iraque, considerada por ele uma 'vergonha moral'. Nesta conferência de imprensa, gravada há duas semanas, ele explica suas razões para enfrentar a Justiça Militar: "A participação nestes eventos me transformaria em um criminoso de guerra".

Assista aqui ao depoimento de Watada