Chegou ontem aqui em casa a EW desta semana. Olha só do que se fala por aqui no mundinho do showbizz:
* Rodrigo Santoro aparece com o torso nu e de mãos dadas com Jim Carrey. Os dois filmam em Miami I Love You Phillip Morris, uma comédia-pastelão que conta a história de um casal gay que se apaixona na cadeia. Comentário do Will aqui do lado: "Meu Deus, o Rodrigo é bonitinho demais e precisa se cuidar ou Hollywood vai estigmatizá-lo como o gay latino da vez". Já teve o imperador persa com pinta de traveca em 300, e olha que por aqui ninguém viu Carandiru. Outras fotos dos bastidores da produção - Rodrigo, Jim e Ewan McGregor têm sido vistos zanzando pelos bares gay de Miami para fazer laboratório - você pode ver aqui.
* A revista ouviu gente de dentro da produção de Speed Racer, o filme-família dos irmãos Wachowski que custou, por baixo, US$ 120 milhões, temerosa de que, sendo lançado por aqui entre Homem de Ferro e o novo Narnia, o filme gere menos de US$ 30 milhões em sua primeira semana na bilheteria (no próximo fim de semana). Eu vi o filme em Los Angeles na semana retrasada (texto aqui na blog na quarta-feira, quando a Contigo! chegar nas bancas) e gostei. É diversão garantida para papai, mamãe e titia, jutamente com a criançada. Será que vai ser o fracasso da vez de Hollywood? Veremos.
* Não sou fã de reality shows, mas há uma pequena jóia na tevê americana no momento. Chama-se The Paper, estreou no dia 14 de abril, e passa todas as segundas-feiras às 22h30 aqui na MTV. Quem se lembra das tramas e sub-tramas do jornal universitário pelo qual passou Rory Gilmore em Gilmore Girls vai adorar descer o nível para a high-school e entrar no dia-a-dia de um jornal sério (na medida do possível) de uma típica escola norte-americana. O programa revela o cinismo, a ignorância, o marasmo e as expectativas de um bando de jovens no coração do império. Um gostinho do que já já vai chegar ao Brasil:
sábado, maio 03, 2008
Adoção no Brasil
Leio hoje, em editorial da Folha de S.Paulo sobre a criação do Cadastro Nacional de Adoção (que pretende unificar dados de todos os Estados da federação sobre crianças a serem adotadas e candidatos a pais adotivos), que em São Paulo a procura supera em muito a oferta. São 7.500 brasileiros e 300 estrangeiros buscando adotar cerca de 1.000 crianças. Os dados oficiais, de 2005, mostram como o tema é mais complicado do que parece: 99% dos pais querem adotar apenas um filho, 83% o querem menor de 3 anos de idade e 49% só querem uma criança branca. Do outro lado, a realidade é bem outra: 52% das crianças são negras ou mestiças, 87% maiores de 3 anos e 56% vivem nos abrigos com mais de um irmão. Como diz o editorial - O que importa é modificar a cultura dos pretendentes a pais, para que aceitem crianças reais e não idealizações.
O assunto me toca especialmente porque sou filho adotivo. E faço parte da exceção estatística - branco, menos de 3 anos, sem irmãos. Minha mãe, em um processo diferente, também foi adotada. Mas foi separada por anos a fio dos muitos irmãos. Hoje, conjecturamos, na família que formei, a possibilidade de adotar um dia, levando a experiência para a terceira geração. Questões como a possibilidade de adoção por casais estrangeiros, homossexuais, bi-nacionais, mulheres solteiras, precisam ser abordadas com mais urgência pelos legisladores brasileiros. O editorial da Folha, que reproduzo abaixo, lembra que, segundo a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, 120 mil crianças e adolescentes vivem hoje em abrigos espalhados pelo país e pelo menos 12 mil precisam de uma nova família.
O editorial de hoje:
Adoção digital
A INICIATIVA do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de criar o Cadastro Nacional de Adoção vem em boa hora. A medida vai unificar e cruzar os dados de todos Estados brasileiros seja em relação às crianças a ser adotadas, seja sobre os candidatos a pais adotivos.
A utilização de recursos de informática que facilitam intercâmbios é sempre positiva. O problema das adoções, porém, é bem mais complexo do que juntar ofertantes e demandantes.
Diga-se, em favor das instituições, que a situação já melhorou bastante. Algumas décadas atrás, muitos pais em busca de um filho adotivo preferiam arriscar-se na ilegalidade a enfrentar a lentidão do sistema. Mas, com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) e a implementação dos Juizados da Infância e da Juventude, o trâmite ficou mais simples e rápido. Hoje, todo o processo pode ser resolvido em apenas dois meses.
Segundo a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, 120 mil crianças e adolescentes vivem em abrigos de todo o país. Desse total, cerca de 12 mil precisam de uma nova família. No Estado de São Paulo, a procura chega a superar a oferta. São 7.500 brasileiros e quase 300 estrangeiros para cerca de mil crianças.
A dificuldade é o descompasso entre os desejos dos candidatos a pais e as características das crianças disponíveis. Estudo feito com pessoas inscritas na fila da adoção em São Paulo, em 2005, mostra que grande parte das pessoas pretendia adotar só um filho (99%), menor de três anos (83%) e de cor branca (49%). Já a maioria dos abrigados é de cor negra ou parda (52%), maior de três anos (87%) e possui um ou mais irmãos (56%), núcleo que a Justiça, com toda a razão, tenta manter unido.
O que importa, portanto, é modificar a cultura dos pretendentes a pais, para que aceitem crianças reais e não idealizações. Essa, porém, é uma tarefa que não pode ser feita por um programa de computador.
O assunto me toca especialmente porque sou filho adotivo. E faço parte da exceção estatística - branco, menos de 3 anos, sem irmãos. Minha mãe, em um processo diferente, também foi adotada. Mas foi separada por anos a fio dos muitos irmãos. Hoje, conjecturamos, na família que formei, a possibilidade de adotar um dia, levando a experiência para a terceira geração. Questões como a possibilidade de adoção por casais estrangeiros, homossexuais, bi-nacionais, mulheres solteiras, precisam ser abordadas com mais urgência pelos legisladores brasileiros. O editorial da Folha, que reproduzo abaixo, lembra que, segundo a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, 120 mil crianças e adolescentes vivem hoje em abrigos espalhados pelo país e pelo menos 12 mil precisam de uma nova família.
O editorial de hoje:
Adoção digital
A INICIATIVA do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de criar o Cadastro Nacional de Adoção vem em boa hora. A medida vai unificar e cruzar os dados de todos Estados brasileiros seja em relação às crianças a ser adotadas, seja sobre os candidatos a pais adotivos.
A utilização de recursos de informática que facilitam intercâmbios é sempre positiva. O problema das adoções, porém, é bem mais complexo do que juntar ofertantes e demandantes.
Diga-se, em favor das instituições, que a situação já melhorou bastante. Algumas décadas atrás, muitos pais em busca de um filho adotivo preferiam arriscar-se na ilegalidade a enfrentar a lentidão do sistema. Mas, com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) e a implementação dos Juizados da Infância e da Juventude, o trâmite ficou mais simples e rápido. Hoje, todo o processo pode ser resolvido em apenas dois meses.
Segundo a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, 120 mil crianças e adolescentes vivem em abrigos de todo o país. Desse total, cerca de 12 mil precisam de uma nova família. No Estado de São Paulo, a procura chega a superar a oferta. São 7.500 brasileiros e quase 300 estrangeiros para cerca de mil crianças.
A dificuldade é o descompasso entre os desejos dos candidatos a pais e as características das crianças disponíveis. Estudo feito com pessoas inscritas na fila da adoção em São Paulo, em 2005, mostra que grande parte das pessoas pretendia adotar só um filho (99%), menor de três anos (83%) e de cor branca (49%). Já a maioria dos abrigados é de cor negra ou parda (52%), maior de três anos (87%) e possui um ou mais irmãos (56%), núcleo que a Justiça, com toda a razão, tenta manter unido.
O que importa, portanto, é modificar a cultura dos pretendentes a pais, para que aceitem crianças reais e não idealizações. Essa, porém, é uma tarefa que não pode ser feita por um programa de computador.
quinta-feira, maio 01, 2008
Música & Moda
O caderno de Estilo do NYT trouxe hoje em sua capa uma reportagem defendendo a tese de que a moda suplantou a música como forma de expressão cultural mais popular entre os jovens norte-americanos. Um dos símbolos desta mudança seria o anúncio de que a Steve & Barry's acabou de sublocar o imenso espaço da Broadway com 4th que foi durante anos o endereço mais famoso da Tower Records na cidade.
A Steve & Barry's é famosa por oferecer produtos fashion com assinaturas de celebridades como Sarah Jessica Parker e o jogador de basquete Stephon Marburry por preços módicos. Um vestido da linha florida de SJP sai por US$ 8,98, mesmo preço do um tênis de basquete da linha Marburry. Não sei até que ponto a abertura de mais uma loja da Steve & Barry's (a de Midtown sofre com filas imensas e é uma aventura comprar algo por lá, dizem as amigas sacoleiras) de fato prova a decadência da música como elemento de identificação geracional - já já coloco aqui minha entrevista com o designer Stefan Sagmaister, famoso pelas capas de álbuns importantes de Lou Reed, David Bowie e Rolling Stones, em que ele diz mais ou mesmo a mesma coisa - ou se apenas enfatiza um novo modelo de negócio, que une grandes nomes e preços baixos como forma definitiva de atrair multidões.
Sacoleiras Anônimas, anotem: a loja abre no outono e os preços serão os mesmos, baixíssimos. A reportagem pode ser lida na íntegra aqui.
A Steve & Barry's é famosa por oferecer produtos fashion com assinaturas de celebridades como Sarah Jessica Parker e o jogador de basquete Stephon Marburry por preços módicos. Um vestido da linha florida de SJP sai por US$ 8,98, mesmo preço do um tênis de basquete da linha Marburry. Não sei até que ponto a abertura de mais uma loja da Steve & Barry's (a de Midtown sofre com filas imensas e é uma aventura comprar algo por lá, dizem as amigas sacoleiras) de fato prova a decadência da música como elemento de identificação geracional - já já coloco aqui minha entrevista com o designer Stefan Sagmaister, famoso pelas capas de álbuns importantes de Lou Reed, David Bowie e Rolling Stones, em que ele diz mais ou mesmo a mesma coisa - ou se apenas enfatiza um novo modelo de negócio, que une grandes nomes e preços baixos como forma definitiva de atrair multidões.
Sacoleiras Anônimas, anotem: a loja abre no outono e os preços serão os mesmos, baixíssimos. A reportagem pode ser lida na íntegra aqui.
quarta-feira, abril 30, 2008
México!
As últimas semanas foram de uma correria insana. Abril foi um mês de viajens, mal vi o Brooklyn. Estive pouquíssimo aqui no blog. Foram duas idas a Los Angeles, para conferir Speed Racer e Jogo de Amor em Las Vegas e uma inesquecível passagem pela Cidade do México, para a primeira sessão pública de Homem de Ferro.
O México mexeu comigo. Fiquei muito impressionado com a força do povo, os dilemas enfrentados por nossos hermanos do norte. Quando ainda vivíamos a lei do frio aqui em Nova Iorque, foi bom acordar cedo no Sheraton do Centro Histórico, atravessar para o outro lado da Avenida Juarez, sol a pino, e ler a edição fresquinha da Gatopardo no Paséo de la Reforma. Como é bom colocar as mãos numa publicação bem-feita, interessante, com textos inteligentes.
Na revista - que tem redações na Colômbia, Cidade do México e Buenos Aires - a capa adiantava o retorno da parceria entre os dois maiores ídolos do cinema mexicano, Gael García Bernal e Diego Luna. Mas o mais interessante foi entrar em contato (via bela reportagem de Laura Castellanos) com o drama dos pais dos estudantes da Universidade Nacional Autónoma do México (a UNAM, onde, na faculdade de Filosofia, teria estudado o Comandante Marcos) acusados de terroristas e assassinados no Equador durante ataque colombiano na madrugada de Primeiro de Março. Não sei se, nem como, a imprensa brasileira tratou deste assunto, mas as feridas, na Cidade do México, ainda estão expostas. Os pais e os poucos colegas mais politizados de Juan, Fernando, Soren e Verónica se recusam a tratar os alunos como terroristas. O governo, conservador, não quer saber de 'infiltração das FARC' na vida universitária mexicana.
Em uma tarde, entre uma entrevista e outra, acompanhei, no gigantesco Zócalo, um protesto de partidários de Lopez Obrador, o candidato a presidente das esquerdas que teria sido tungado nas eleições do ano passado. Reclamavam do desmonte da PEMEX e da falcatrua nas eleições internas do PRD, o maior partido de oposição, dividido entre sociais-democratas e socialistas. Mais tarde quase apanhei em frente à Embaixada do Canadá. Sim, mais manifestações pelas ruas mexicanas. Imaginem que as patricinhas e mauricinhos de Polanco (a Higienópolis, ou o Leblon, da Cidade do México) orquestraram um protesto contra a morte das focas (a caça acabou de ser liberada novamente no Canadá, e as focas são umas das principais fontes de alimentação dos indígenas do norte canadense). Fiquei enfezado! Com tanta gente sendo assassinada no México (os seqüestros voltaram à pauta, foram capa do NYT desta segunda), os meninos de Polanco não tinham mais o que fazer, não? Eu e minha neo-amiga Beatriz, fiel adepta do PAC (Processo de Alimentação Contínua) e defensora empedernida das tradições liberais canadenses (até porque ela tem família por lá), olhamos a tudo com choque e uma incômoda sensação de déja vu.
O que me ficou na cabeça mesmo foram os slogans dos jovens da UNAM que Castellanos reproduziu em seu texto lá na Gatopardo:
!LOS MASACRADOS SERÁN VENGADOS!
?Y QUIÉEN LOS VENGARÁ?
EL PUEBLO ORGANIZADO!
?Y COMO?
LUCHANDO!
ENTONCES: LUCHA! LUCHA! LUCHA!
!NO DEJES DE LUCHAR
!NO DEJES DE LUCHAR
POR UNA EDUCACIÓN
POR UNA EDUCACIÓN
POLÍTICA Y POPULAR!
Aqueles rostos indígenas, a multidão - a Cidade do México é a segunda maior metrópole do planeta, com 24 milhões de pessoas zanzando de um lado para o outro - se acotovelando no metrô, a favela que outro neo-amigo, Marco Canônico me mostrou ao lado do Meliá, em pleno Centro Financeiro, a sensacional feira do Mercado de La Merced, com frutas e vegetais de cores e tamanhos impensáveis, a noite dos mariachis na erma Plaza Garibaldi (que só fui, covarde, carregado pela intrépida Marília Martins), tudo me transportou para um outro tempo. Para minha conversas com meu avô Nicéas, que uma me vez me explicou, muito sério, o motivo pelo qual dava remédios de graça para todos que iam à sua casa de noite - e perturbavam meu sono - em busca de auxílio médico. "Menino (ele só me chamava de menino), este país em que a gente vive é uma merda. Mas a gente não precisa ser (uma merda) também!"
O México foi uma bela trauletada. As fotos são minhas, de Beatriz e de Marília.
Perfil/ROBERT DOWNEY JR.
A Contigo! publicou na edição que chega hoje às bancas o mini-perfil que escrevi do ator Robert Downey Jr., protagonista de Homem de Ferro. O filme estréia hoje no Brasil.
A entrevista foi feita em um hotel de luxo na Cidade do México. Downey estava cansadíssimo, havia chegado de helicóptero no hotel às 5h da manhã (vindo de Los Angeles), mas encarou com serenidade a maratona de conversas com jornalistas mexicanos e brasileiros. As expectativas para o filme eram grandes - Olga de Mello já disse, e bem, o que viu lá no Arenas, ela se empolgou mais do que eu - e Downey está ótimo, embora me irrite um pouco o transporte forçado da trama do Vietnã para o Afeganistão. Especialmente os terroristas da O.N.U. falando húngaro! Mas como não se deixar levar pelos efeitos especiais, impressionantes, e pela atuação de Downey Jr., que em nenhum momento se leva a sério? O seu prazer de 'brincar' de herói vale o ingresso.
O perfil publicado pela Contigo!, segue, na íntegra, abaixo:
Robert Downey Jr.
A volta por cima
Por Eduardo Graça, da Cidade do México
Pedantismo, interesses escusos, ostentação, sexo, bebidas, drogas e, claro, rock and roll, muito rock and roll. Com certeza é uma combinação de fatores para lá de explosiva para um blockbuster, ainda mais se for temperado com o aparecimento de um super-herói que supera tudo isso e ressurge forte, leal, compreensivo, doce e protetor dos fracos (e das fracas!) e oprimidos. Esse é o argumento de Homem de Ferro - que estréia quarta-feira (30) -, sobre o herói originário da HQ homônima e criado, entre outros, pelo lendário e Midas do gênero, Stan Lee, 85 anos.
E alguns dos elementos do protagonista se confundem com a trajetória do ator que lhe dá vida na telona, o nova-iorquino Robert Downey Jr., 43. Esse talentoso ex-bad boy é mesmo, como o próprio gosta de afirmar com certa marotice, "o" Homem de Ferro. Exatamente como Tony Stark (o empresário alter ego do herói), Downey deixou de lado um comportamento autodestrutivo. Em seu caso, o vício em cocaína, heroína e crack, que o levaram a noites no xilindró, acusado por porte de droga. Nas penitenciárias da Califórnia, ele foi brutalmente agredido por companheiros de fardo.
Tudo isso ficou para trás - sua última temporada na prisão foi em 2001 -, assim como o casamento com a atriz e cantora Deborah Falconer, 42, mãe de seu filho, Indio, 14. “É engraçado que as pessoas perguntam se o Indio ficou nas nuvens quando soube que eu encarnaria o Tony Stark. Ele achou legal, claro, mas acho que ele é, para minha alegria, muito mais cool do que o Homem de Ferro, né? Eu, quando tinha a idade dele, também estava mais interessado em gibis mais adultos, mais da hora. Agora, no entanto, sou o fã número 1 do personagem, claro!”, jura o ex-enfant terrible de Los Angeles, casado há três anos com a produtora Susan Levin, 34 anos.
Aprendendo com os erros
A Contigo! foi até a capital mexicana para conferir a primeira apresentação mundial do Homem de Ferro para uma platéia escolhida a dedo pelos produtores, que investiram mais de US$ 18o milhões no filme. Para ganhar o papel principal, Downey teve de fazer pela segunda vez um teste de elenco em sua longa carreira – a primeira foi em Chaplin, filme que lhe rendeu a indicação de melhor ator no Oscar de 1992. Com seus olhos imensos, cabelos levemente grisalhos e sorriso de lado, Downey Jr. não gosta de falar mais uma vez sobre os anos negros que o transportaram para as páginas policiais dos jornais. "Não há quem não pergunte sobre o tema", reclama. Mas até que ponto sua própria imolação pública na luta contra o vício das drogas não o inspirou a compor o personagem, que também tinha problemas de alcoolismo? Downey diz não ter dúvidas de que a experiência o ajudou a construir seu pungente Homem de Ferro.
Amigo de todas as horas e fã incondicional ‘do melhor ator de sua geração’, o diretor Jon Favreau, um nome pouco conhecido e que lutou para contar com Downey Jr. no elenco, é direto: “É claro que esta foi uma das razões pela qual o Robert sempre foi o Homem de Ferro de meus sonhos. Ele passou por momentos muito difíceis, andou pelo lado escuro da vida. Mas mais importante ainda: meu Homem de Ferro teria de ser alguém que tivesse voltado para a luz, que trouxesse uma mensagem de possibilidade, de vitória sobre algo tenebroso. A disciplina e o comprometimento dele, conquistados a duras penas, foram o que me fizeram lutar por ele”.
A super-produção conta ainda com Gwyneth Paltrow, 35, vivendo a doce secretária Virginia ‘Pepper’ Potts, Jeff Bridges como o mentor-antípoda de Stark e Terrence Howard como o melhor amigo do herói. Paltrow revelou em entrevistas que só concordou em fazer seu primeiro filme de super-heróis depois de um telefonema crucial para Downey, seu ator preferido. Ele teria dito a ela, ainda relutante, que ‘já está na hora de nós dois fazermos um filme que alguém vai assistir’. “Ha!Ha! Foi isso mesmo. Mas Gwyn é muito generosa de dizer que sou o ator favorito dela. E sim, eu queria muito mesmo fazer algo mais comercial, diveritdo. Para mim, a grande diferença é a vantagem de que, com o tamanho da produção, poderia fazer exatamente o que queria no set. Não houve limites”, conta.
Puxando ferro
Downey parece bem mais musculoso no filme do que na sala do hotel na Cidade do México. É que ele acaba de filmar a nova comédia de guerra de Ben Stiller, em que vive, acredite se quiser, um negro magricela. O ator segue, sim, repleto de surpresas. Uma de suas obsessões após nocautear o vício – sua última temporada na prisão foi em 2001 – é a prática de uma variante de kung-fu. Ele treina diariamente com um professor de wing chun, em casa. “Meu corpo já não é mais o mesmo de dez anos atrás. Agora demora um mês para conseguir um resultado que alcançava em uma semana. Tive, no set, um personal trainer que me ajudou muito. Por outro lado, perco tudo muito mais rápido. Mas disciplina, é sim, mais do que nunca, um elemento-chave de minha vida”, revela, com a certeza de que as seqüências de Homem de Ferro – e, conseqüentemente, as sessões de musculação - não vão demorar a pipocar na tela. Ainda bem.
A entrevista foi feita em um hotel de luxo na Cidade do México. Downey estava cansadíssimo, havia chegado de helicóptero no hotel às 5h da manhã (vindo de Los Angeles), mas encarou com serenidade a maratona de conversas com jornalistas mexicanos e brasileiros. As expectativas para o filme eram grandes - Olga de Mello já disse, e bem, o que viu lá no Arenas, ela se empolgou mais do que eu - e Downey está ótimo, embora me irrite um pouco o transporte forçado da trama do Vietnã para o Afeganistão. Especialmente os terroristas da O.N.U. falando húngaro! Mas como não se deixar levar pelos efeitos especiais, impressionantes, e pela atuação de Downey Jr., que em nenhum momento se leva a sério? O seu prazer de 'brincar' de herói vale o ingresso.
O perfil publicado pela Contigo!, segue, na íntegra, abaixo:
Robert Downey Jr.
A volta por cima
Por Eduardo Graça, da Cidade do México
Pedantismo, interesses escusos, ostentação, sexo, bebidas, drogas e, claro, rock and roll, muito rock and roll. Com certeza é uma combinação de fatores para lá de explosiva para um blockbuster, ainda mais se for temperado com o aparecimento de um super-herói que supera tudo isso e ressurge forte, leal, compreensivo, doce e protetor dos fracos (e das fracas!) e oprimidos. Esse é o argumento de Homem de Ferro - que estréia quarta-feira (30) -, sobre o herói originário da HQ homônima e criado, entre outros, pelo lendário e Midas do gênero, Stan Lee, 85 anos.
E alguns dos elementos do protagonista se confundem com a trajetória do ator que lhe dá vida na telona, o nova-iorquino Robert Downey Jr., 43. Esse talentoso ex-bad boy é mesmo, como o próprio gosta de afirmar com certa marotice, "o" Homem de Ferro. Exatamente como Tony Stark (o empresário alter ego do herói), Downey deixou de lado um comportamento autodestrutivo. Em seu caso, o vício em cocaína, heroína e crack, que o levaram a noites no xilindró, acusado por porte de droga. Nas penitenciárias da Califórnia, ele foi brutalmente agredido por companheiros de fardo.
Tudo isso ficou para trás - sua última temporada na prisão foi em 2001 -, assim como o casamento com a atriz e cantora Deborah Falconer, 42, mãe de seu filho, Indio, 14. “É engraçado que as pessoas perguntam se o Indio ficou nas nuvens quando soube que eu encarnaria o Tony Stark. Ele achou legal, claro, mas acho que ele é, para minha alegria, muito mais cool do que o Homem de Ferro, né? Eu, quando tinha a idade dele, também estava mais interessado em gibis mais adultos, mais da hora. Agora, no entanto, sou o fã número 1 do personagem, claro!”, jura o ex-enfant terrible de Los Angeles, casado há três anos com a produtora Susan Levin, 34 anos.
Aprendendo com os erros
A Contigo! foi até a capital mexicana para conferir a primeira apresentação mundial do Homem de Ferro para uma platéia escolhida a dedo pelos produtores, que investiram mais de US$ 18o milhões no filme. Para ganhar o papel principal, Downey teve de fazer pela segunda vez um teste de elenco em sua longa carreira – a primeira foi em Chaplin, filme que lhe rendeu a indicação de melhor ator no Oscar de 1992. Com seus olhos imensos, cabelos levemente grisalhos e sorriso de lado, Downey Jr. não gosta de falar mais uma vez sobre os anos negros que o transportaram para as páginas policiais dos jornais. "Não há quem não pergunte sobre o tema", reclama. Mas até que ponto sua própria imolação pública na luta contra o vício das drogas não o inspirou a compor o personagem, que também tinha problemas de alcoolismo? Downey diz não ter dúvidas de que a experiência o ajudou a construir seu pungente Homem de Ferro.
Amigo de todas as horas e fã incondicional ‘do melhor ator de sua geração’, o diretor Jon Favreau, um nome pouco conhecido e que lutou para contar com Downey Jr. no elenco, é direto: “É claro que esta foi uma das razões pela qual o Robert sempre foi o Homem de Ferro de meus sonhos. Ele passou por momentos muito difíceis, andou pelo lado escuro da vida. Mas mais importante ainda: meu Homem de Ferro teria de ser alguém que tivesse voltado para a luz, que trouxesse uma mensagem de possibilidade, de vitória sobre algo tenebroso. A disciplina e o comprometimento dele, conquistados a duras penas, foram o que me fizeram lutar por ele”.
A super-produção conta ainda com Gwyneth Paltrow, 35, vivendo a doce secretária Virginia ‘Pepper’ Potts, Jeff Bridges como o mentor-antípoda de Stark e Terrence Howard como o melhor amigo do herói. Paltrow revelou em entrevistas que só concordou em fazer seu primeiro filme de super-heróis depois de um telefonema crucial para Downey, seu ator preferido. Ele teria dito a ela, ainda relutante, que ‘já está na hora de nós dois fazermos um filme que alguém vai assistir’. “Ha!Ha! Foi isso mesmo. Mas Gwyn é muito generosa de dizer que sou o ator favorito dela. E sim, eu queria muito mesmo fazer algo mais comercial, diveritdo. Para mim, a grande diferença é a vantagem de que, com o tamanho da produção, poderia fazer exatamente o que queria no set. Não houve limites”, conta.
Puxando ferro
Downey parece bem mais musculoso no filme do que na sala do hotel na Cidade do México. É que ele acaba de filmar a nova comédia de guerra de Ben Stiller, em que vive, acredite se quiser, um negro magricela. O ator segue, sim, repleto de surpresas. Uma de suas obsessões após nocautear o vício – sua última temporada na prisão foi em 2001 – é a prática de uma variante de kung-fu. Ele treina diariamente com um professor de wing chun, em casa. “Meu corpo já não é mais o mesmo de dez anos atrás. Agora demora um mês para conseguir um resultado que alcançava em uma semana. Tive, no set, um personal trainer que me ajudou muito. Por outro lado, perco tudo muito mais rápido. Mas disciplina, é sim, mais do que nunca, um elemento-chave de minha vida”, revela, com a certeza de que as seqüências de Homem de Ferro – e, conseqüentemente, as sessões de musculação - não vão demorar a pipocar na tela. Ainda bem.
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