sexta-feira, agosto 11, 2006

Não À Guerra

Os maiores diários da Alemanha saíram hoje com um manifesto de intelectuais pedindo o fim imediato da guerra entre Israel e o Hezbolá. A carta é assinada por gente graúda como o filósofo iraniano Bijan Abdolkarimi, o reverendo Francis Gignac, aqui da Universidade Católica de Washington, e o professor Hannah Hever, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Os diferenciais deste abaixo-assinado são a participação maciça de intelectuais árabes e israelenses e a tentativa de não se apontar um único culpado pelas agressões. O texto, traduzido abaixo aqui pelo blogueiro, é um bem-vindo ataque ao fundamentalismo religioso, em todas as suas matizes.


Não À Guerra!


Nós, judeus e muçulmanos, artistas e acadêmicos, cidadãos do mundo, deploramos a violência, a militarização e o derramamento de sangue inocente que ocorre hoje no Oriente Médio. Nós não aceitamos que nossas respectivas e ricas tradições culturais e religiosas sejam utilizadas de forma degradante em um conflito militar de longa escala, determinado por interesses geopolíticos e econômicos, em que estereótipos arcaicos do que seria o bem e o mal são cinicamente tatuados, respectivamente, nas civilizações do ocidente e do oriente.

Aqueles que se dão ao trabalho de analisar nossa História descobrirão que muçulmanos, judeus e cristãos convivem há séculos no Oriente Médio. Na iminência de uma catástrofe, apelamos para o fim imediato das hostilidades e pela continuação de um intercâmbio respeitoso e frutífero. Nós, abaixo-assinados, consideramos a radical polarização entre a chamada civilização ocidental e o mundo islâmico como uma perversão de suas respectivas tradições.

Prof. Bijan Abdolkarimi, Philosoph, Azad University, Teheran; Prof. Dr. Nasr Abu Zayd, Ibn-Rushd-Lehrstuhl für Humanismus und Islam, University of Utrecht; Sultan Acikgueloglu, Student der Islamwissenschaft, Berlin; Amir Hossein Afrassiabi, Dichter und Architekt, Rotterdam; Adonis, poète areligieux, Paris; Dr. Katajun Amirpur, Islamwissenschaftlerin Universität Bonn, Köln; Prof. Mahmoud Ayoub, Religion Department, Temple University, Philadelphia; Shelley Berlowitz, Historikerin, Zürich; Prof. Dr. Almut Sh. Bruckstein, Philosophin, Berlin; Prof. Daniel Boyarin, Taubman-Lehrstuhl für Talmudische Kultur, Universität Berkeley; Hady Chapardar, Kunstkritiker und Satiriker, Teheran; Sidney Corbett, Komponist, Berlin; Mojdeh Daghighi, Journalist und Übersetzer, Teheran; Sigrun Drapatz, Künstlerin, Berlin; Saeid Edalatnejad, Stiftung Encyclopaedia Islamica, Abt. für Recht und Theologie, Teheran; Daniela Fariba Vorburger, Politologin, Zürich; Nasser Ghiasi, Schriftsteller und Übersetzer, Heidelberg; Rev. Prof. Francis T. Gignac, Catholic University of America, Washington; Asst. Prof. Shai Ginsburg, Duke University, Durham/USA; Prof. Nilufer Gole, Soziologin, Ecole des Hautes Etudes, Paris; Prof. Galit Hasan-Rokem, Professur für Jüdische Studien der Hebrew University, Dichterin, Jerusalem; Dipl. Ing. Helmut Henseler, Deutsch-Jordanische Gesellschaft, Buxheim; Prof. Hannan Hever, Hebräische Literatur, Hebrew University Jerusalem; Dr. Carola Hilfrich, Franz Rosenzweig Institut, Jerusalem; Silvia Horsch, Arabistin und Germanistin, Berlin; Ass. Prof. Qadri Ismail, Literary Studies, University of Minnesota; Prof. Yasemin Karakasoglu, Lehrstuhl für Interkulturelle Pädagogik, Universität Bremen; Dr. Navid Kermani, Schriftsteller und Orientalist, Köln; Dr. Menachem Klein, Politische Wissenschaften, Bar Ilan University, Ramat Gan/Israel; Adalbert Kuhn, Bildungsreferent, Esslingen; Abdellah Lahrmaid, Sozialwissenschaftler, Rabat/Marokko; Prof. Luis Landa, Ben Gurion University, Beer Sheva; Ishay Landa, Historiker, Braunschweig; Tali Latowicki, Literaturwissenschaftler, Tel-Aviv; Prof. em. Alexander A. Di Lella, Bibelwissenschaften, Catholic University of America, Washington; Brigitte Meyer, Musikerin, St.Gallen/Schweiz; Dr. Ziba Mir-Hosseini, London Middle East Institute, University of London; Flora Mahdavi, Institute for the Study of Muslim Civilisations, The Aga Khan University (International), London; Dr. Mohammad M. Mojahedi, Politikwissenschaftler, Mofid University, Qom/Iran; Prof. Ivan Nagel, Schriftsteller, Berlin; Prof. Susan Neiman, Philosophin, Direktorin des Einstein Forums, Potsdam; Cem Özdemir, MdEP, Berlin/Brüssel; Dr. Hassan Rezaei, Jurist, Max Planck Institut für ausländisches und internationals Strafrecht, Freiburg; Meredith Reid Sarkees, Politikwissenschaftlerin, Crystal Lake/USA; Shreen Saroor, Friedensforscherin, Mannar Women Development Forum, Mannar/Sri Lanka, Dr Malek Sharif, Historiker, Wissenschaftskolleg zu Berlin und Orient-Institut Istanbul; Prof. Christoph Schmidt, Philosoph, Hebrew University Jerusalem; Dr. Yossef Schwartz, Tel Aviv University; Dr. Mohamad Nur Kholis Setiawan, State Islamic University, Yogyakarta/Indonesien; Hilal Sezgin, Autorin, Frankfurt/Main; Rashid Shaz, Verleger, New Dehli; Farzaneh Taheri, Verleger und Übersetzer, Teheran; Prof. Richard Tapper, School of Oriental and African Studies, University of London; Prof. Abdulkader Tayob, University of Cape Town; Jochi Weil-Goldstein, medico international schweiz, Zürich; Dr. med. Samuel Wiener-Barraud, Stäfa/Schweiz; Clare Wilde, Research Associate, Georgetown University, Washington; Prof. Ebtehal Younes, University of Cairo

Não À Guerra

Os maiores diários da Alemanha saíram hoje com um manifesto de intelectuais pedindo o fim imediato da guerra entre Israel e o Hezbolá. A carta é assinada por gente graúda como o filósofo iraniano Bijan Abdolkarimi, o reverendo Francis Gignac, aqui da Universidade Católica de Washington, e o professor Hannah Hever, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Os diferenciais deste abaixo-assinado são a participação maciça de intelectuais árabes e israelenses e a tentativa de não se apontar um único culpado pelas agressões. O texto, traduzido abaixo aqui pelo blogueiro, é um bem-vindo ataque ao fundamentalismo religioso, em todas as suas matizes.


Não À Guerra!


Nós, judeus e muçulmanos, artistas e acadêmicos, cidadãos do mundo, deploramos a violência, a militarização e o derramamento de sangue inocente que ocorre hoje no Oriente Médio. Nós não aceitamos que nossas respectivas e ricas tradições culturais e religiosas sejam utilizadas de forma degradante em um conflito militar de longa escala, determinado por interesses geopolíticos e econômicos, em que estereótipos arcaicos do que seria o bem e o mal são cinicamente tatuados, respectivamente, nas civilizações do ocidente e do oriente.

Aqueles que se dão ao trabalho de analisar nossa História descobrirão que muçulmanos, judeus e cristãos convivem há séculos no Oriente Médio. Na iminência de uma catástrofe, apelamos para o fim imediato das hostilidades e pela continuação de um intercâmbio respeitoso e frutífero. Nós, abaixo-assinados, consideramos a radical polarização entre a chamada civilização ocidental e o mundo islâmico como uma perversão de suas respectivas tradições.

Prof. Bijan Abdolkarimi, Philosoph, Azad University, Teheran; Prof. Dr. Nasr Abu Zayd, Ibn-Rushd-Lehrstuhl für Humanismus und Islam, University of Utrecht; Sultan Acikgueloglu, Student der Islamwissenschaft, Berlin; Amir Hossein Afrassiabi, Dichter und Architekt, Rotterdam; Adonis, poète areligieux, Paris; Dr. Katajun Amirpur, Islamwissenschaftlerin Universität Bonn, Köln; Prof. Mahmoud Ayoub, Religion Department, Temple University, Philadelphia; Shelley Berlowitz, Historikerin, Zürich; Prof. Dr. Almut Sh. Bruckstein, Philosophin, Berlin; Prof. Daniel Boyarin, Taubman-Lehrstuhl für Talmudische Kultur, Universität Berkeley; Hady Chapardar, Kunstkritiker und Satiriker, Teheran; Sidney Corbett, Komponist, Berlin; Mojdeh Daghighi, Journalist und Übersetzer, Teheran; Sigrun Drapatz, Künstlerin, Berlin; Saeid Edalatnejad, Stiftung Encyclopaedia Islamica, Abt. für Recht und Theologie, Teheran; Daniela Fariba Vorburger, Politologin, Zürich; Nasser Ghiasi, Schriftsteller und Übersetzer, Heidelberg; Rev. Prof. Francis T. Gignac, Catholic University of America, Washington; Asst. Prof. Shai Ginsburg, Duke University, Durham/USA; Prof. Nilufer Gole, Soziologin, Ecole des Hautes Etudes, Paris; Prof. Galit Hasan-Rokem, Professur für Jüdische Studien der Hebrew University, Dichterin, Jerusalem; Dipl. Ing. Helmut Henseler, Deutsch-Jordanische Gesellschaft, Buxheim; Prof. Hannan Hever, Hebräische Literatur, Hebrew University Jerusalem; Dr. Carola Hilfrich, Franz Rosenzweig Institut, Jerusalem; Silvia Horsch, Arabistin und Germanistin, Berlin; Ass. Prof. Qadri Ismail, Literary Studies, University of Minnesota; Prof. Yasemin Karakasoglu, Lehrstuhl für Interkulturelle Pädagogik, Universität Bremen; Dr. Navid Kermani, Schriftsteller und Orientalist, Köln; Dr. Menachem Klein, Politische Wissenschaften, Bar Ilan University, Ramat Gan/Israel; Adalbert Kuhn, Bildungsreferent, Esslingen; Abdellah Lahrmaid, Sozialwissenschaftler, Rabat/Marokko; Prof. Luis Landa, Ben Gurion University, Beer Sheva; Ishay Landa, Historiker, Braunschweig; Tali Latowicki, Literaturwissenschaftler, Tel-Aviv; Prof. em. Alexander A. Di Lella, Bibelwissenschaften, Catholic University of America, Washington; Brigitte Meyer, Musikerin, St.Gallen/Schweiz; Dr. Ziba Mir-Hosseini, London Middle East Institute, University of London; Flora Mahdavi, Institute for the Study of Muslim Civilisations, The Aga Khan University (International), London; Dr. Mohammad M. Mojahedi, Politikwissenschaftler, Mofid University, Qom/Iran; Prof. Ivan Nagel, Schriftsteller, Berlin; Prof. Susan Neiman, Philosophin, Direktorin des Einstein Forums, Potsdam; Cem Özdemir, MdEP, Berlin/Brüssel; Dr. Hassan Rezaei, Jurist, Max Planck Institut für ausländisches und internationals Strafrecht, Freiburg; Meredith Reid Sarkees, Politikwissenschaftlerin, Crystal Lake/USA; Shreen Saroor, Friedensforscherin, Mannar Women Development Forum, Mannar/Sri Lanka, Dr Malek Sharif, Historiker, Wissenschaftskolleg zu Berlin und Orient-Institut Istanbul; Prof. Christoph Schmidt, Philosoph, Hebrew University Jerusalem; Dr. Yossef Schwartz, Tel Aviv University; Dr. Mohamad Nur Kholis Setiawan, State Islamic University, Yogyakarta/Indonesien; Hilal Sezgin, Autorin, Frankfurt/Main; Rashid Shaz, Verleger, New Dehli; Farzaneh Taheri, Verleger und Übersetzer, Teheran; Prof. Richard Tapper, School of Oriental and African Studies, University of London; Prof. Abdulkader Tayob, University of Cape Town; Jochi Weil-Goldstein, medico international schweiz, Zürich; Dr. med. Samuel Wiener-Barraud, Stäfa/Schweiz; Clare Wilde, Research Associate, Georgetown University, Washington; Prof. Ebtehal Younes, University of Cairo

quinta-feira, agosto 10, 2006

Ultra-Nacionalismo Ianque, de novo

Hoje foi um dia nervoso em Nova Iorque. O medo voltou a tomar conta da cidade, mas houve quem tirasse proveito desta que vem sendo trombeteada pela mídia como “a maior ameaça terrorista à cidade desde o setembro de 2001”. Se eu acreditasse em astrologia diria que uma conjunção raríssima está ajudando Washington e os republicanos neste momento. Não poderia haver notícia melhor para os neocons do que o desbaratamento do plano de explodir aviões que vinham de Londres para o lado de cá do Atlântico.

Logo pela manhã George W.Bush apareceu na televisão desafiador, bradando contra o ‘fascismo islâmico’ e afirmando que o plano dos terroristas não deu certo por conta da ‘colaboração entre Londres e Washington’, tirando uma casquinha do MI-6. Não por acaso, ontem, o vice-presidente Dick Cheney disse que os Democratas, ao mandarem para casa o senador Joe Lieberman, que perdeu a legenda para a reeleição ao senado por Connecticut, agiram em ‘benefício dos terroristas’, já que Joe, que é judeu, tem sido um ‘fiel aliado desta administração na guerra contra o terror’.

Bush e Cheney já perceberam que há neste momento um ressurgimento do ultra-nacionalismo americano que dominou o país em 2001. Os sinais estão em todos os cantos. Estão no filme “Torres Gêmeas”, de Oliver Stone, que estreou ontem, uma ode aos valores da América Profunda, que transforma o ataque da Al-Qaeda em uma espécie de teste de fé, de obstáculo necessário para que a bondade intrínseca do norte-americano brotasse mais uma vez com toda sua pujança. Há a guerra no Líbano, vista como o enfrentamento entre os ‘neo-fascistas’ e Israel. Em um forte artigo no Chicago Tribune desta semana um dos principais nomes da Broadway e de Hollywood, David Mamet, diz que é ‘anti-semita’ qualquer crítica às ações das forças armadas israelenses contra o Hezbolá. E mete o cacete na imprensa e nos setores mais liberais do Partido Democrata. Desgastado pelo fracasso da ocupação do Iraque, patinando nas pesquisas de opinião, o governo Bush e os republicanos estavam, até hoje, se preparando para uma pesada derrota nas eleições de novembro. O cenário mudou. Agora, para quem torce por uma mudança de ares no Congresso, resta torcer para que esta conjunção astral passe logo.

terça-feira, agosto 08, 2006

Boa Notícia Do Dia

O jornalista Josias de Souza anuncia que o senador Jorge Konder Bornhausen (SC), 68, decidiu abandonar a política e a presidência do PFL. Durante a ditadura, Bornhausen foi vice-governador e governador de Santa Catarina, indicado pelos militares. Desde 1982 é senador pelo PDS, de Santa Catarina. Mudou-se de mala e cuia para o PFL, que ajudou a fundar, em 1984. Em sua despedida da vida pública (que incluiu passagens como ministro dos governos Sarney, na pasta da Educação, e Collor, na articulação política) ele diz que 'é hora de renovação' e que vai participar do conselho de 'duas ou três empresas privadas'. Bornhausen é banqueiro e dono de faculdades em seu estado natal. Em uma de suas mais recentes tiradas se referiu ao PT como 'uma raça que deve ser extinta por 30 anos'. Já vai tarde.

Velvet, Velvet, Velvet


O ótimo site nova-iorquino Gothamist oferece aqui um impressionante clipe com imagens raras de um ensaio do Velvet Underground na mítica Factory de Andy Warhol, que ocupava todo um quarteirão nas ruas 32 e 33, entre as avenidas Madison e Park. São 11 minutos de Lou Reed, John Cale, Sterling Morrison, Maureen Tucker, Nico e...o pequeno Ari, filho da loira, curtindo o som, a seus pés.

As imagens do clipe são parte de mais de uma hora de gravação feita em janeiro de 1966 e que terminou com a polícia chegando para acabar com a festa. Um vizinho havia ligado e reclamado da barulheira. O Gothamist lembra que, da Factory, restou uma marca digital de Warhol, em uma parede onde se pode ler: "Eu nunca quis ser um pintor. Eu sempre quis ser um dançarino de sapateado".

Velvet, Velvet, Velvet.