quinta-feira, agosto 10, 2006

Ultra-Nacionalismo Ianque, de novo

Hoje foi um dia nervoso em Nova Iorque. O medo voltou a tomar conta da cidade, mas houve quem tirasse proveito desta que vem sendo trombeteada pela mídia como “a maior ameaça terrorista à cidade desde o setembro de 2001”. Se eu acreditasse em astrologia diria que uma conjunção raríssima está ajudando Washington e os republicanos neste momento. Não poderia haver notícia melhor para os neocons do que o desbaratamento do plano de explodir aviões que vinham de Londres para o lado de cá do Atlântico.

Logo pela manhã George W.Bush apareceu na televisão desafiador, bradando contra o ‘fascismo islâmico’ e afirmando que o plano dos terroristas não deu certo por conta da ‘colaboração entre Londres e Washington’, tirando uma casquinha do MI-6. Não por acaso, ontem, o vice-presidente Dick Cheney disse que os Democratas, ao mandarem para casa o senador Joe Lieberman, que perdeu a legenda para a reeleição ao senado por Connecticut, agiram em ‘benefício dos terroristas’, já que Joe, que é judeu, tem sido um ‘fiel aliado desta administração na guerra contra o terror’.

Bush e Cheney já perceberam que há neste momento um ressurgimento do ultra-nacionalismo americano que dominou o país em 2001. Os sinais estão em todos os cantos. Estão no filme “Torres Gêmeas”, de Oliver Stone, que estreou ontem, uma ode aos valores da América Profunda, que transforma o ataque da Al-Qaeda em uma espécie de teste de fé, de obstáculo necessário para que a bondade intrínseca do norte-americano brotasse mais uma vez com toda sua pujança. Há a guerra no Líbano, vista como o enfrentamento entre os ‘neo-fascistas’ e Israel. Em um forte artigo no Chicago Tribune desta semana um dos principais nomes da Broadway e de Hollywood, David Mamet, diz que é ‘anti-semita’ qualquer crítica às ações das forças armadas israelenses contra o Hezbolá. E mete o cacete na imprensa e nos setores mais liberais do Partido Democrata. Desgastado pelo fracasso da ocupação do Iraque, patinando nas pesquisas de opinião, o governo Bush e os republicanos estavam, até hoje, se preparando para uma pesada derrota nas eleições de novembro. O cenário mudou. Agora, para quem torce por uma mudança de ares no Congresso, resta torcer para que esta conjunção astral passe logo.

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