sexta-feira, março 28, 2008

CARTA CAPITAL/Cat Power & Cia.

Falei aqui que estava contando nos dedos para o dia do lançamento do novo trabalho de Cat Power. Acabei indo para o Brasil, as férias foram esticadas, e só fui ouvir o disco com calma quando voltei a NYC. Jukebox é uma delícia. Esta semana saiu minha notinha na Carta Capital sobre a série de discos-tributo aqui nos EUA (que reproduzo abaixo), incuindo o de dona Chan Marshall. Outra descoberta foi a gravação que ela fez para a Radio Inter, da França, na chamada Black Session. Tem uma versão linda de Dark End of the Street. Você pode ouvir tudo aqui. O vídeo, no fim deste post, é da apresentação da moça no programa de Jools Holland. Ela desconstrói lindamente New York, New York.

Covers
Por Eduardo Graça, de Nova Iorque

Homenagens? Songbooks? Há os mais e os menos inspirados, mas o fato é que a combalida indústria musical norte-americana tem visto a emergência de projetos mais próximos dos discos-tributos, levando a uma redescoberta de clássicos e à abertura do baú de influências de artistas já estabelecidos, todos seguindo a receita de sucesso de Patti Smith. A musa punk ainda zanza pelos EUA com a vitoriosa turnê de Twelve, lançado no ano passado, em que apresenta novas versões para coisas como Gimme Shelter, dos Stones, e Smells Like Teen Spirit, do Nirvana. A bela de olhos tristes Chan Marshall (ou melhor, Cat Power) já havia passeado pelos clássicos com The Covers Record, há oito anos, subvertendo Satisfaction. Agora, entre um James Brown (Lost Someone) e uma Joni Mitchell (Blue), ela reinventa a si mesmo com uma interpretação menos recolhida e mais provocadora de Metal Heart, do disco Moon Pix, de 1998. Tão inspirado quando Jukebox é o EP Ask Forgiveness, de Bonnie ‘Prince’ Billy, nome artístico do bardo Will Oldham. Belezas como I Came to Hear the Music, de Mickey Newbury e I’ve Seen It All, de Bjork, se destacam nos 30 minutos de melancolia com a voz de Meg Baird, da banda folk Espers, ao fundo. Menos feliz foi Shelby Lynne, que tentou emular a diva soul Dusty Springfield com seu Just a Little Lovin'. Dois anos e meio depois de seu mais recente CD de inéditas, ela aceitou o conselho de ninguém menos do que Barry Manilow e resolveu passear pelo repertório da legendária vocalista britânica. Mas os arranjos, preguiçosos, jogam o disco para baixo. Crise criativa no mundo da música pop? Cat Power, que abre Jukebox com uma versão da sinátrica New York, New York, refuta a suposição, apostando as fichas em um momento tanto de decadência das majors quanto de inegável liberdade musical – refletido no Brasil com o sucesso de Biscoito Fino, Trama e Dubas, e seus projetos mais intimistas. Ao lançar Jukebox, Power anunciou que já tinha terminado Sun, um CD só com inéditas. Mas avisou que este só chegará aos ouvido dos fãs mais tarde, quando lhe der na veneta. Sinal dos tempos.

EMO?

A imprensa norte-americana começou a dar mais destaque ontem e hoje aos conflitos entre os jovens identificados como 'emos' e os 'anti-emos' em Guadalajara e na Cidade do México. A filha asolecente de uma amiga querida é 'emo' e vive feliz e completamente lampeira no Rio. Se 'emo' é o gótico dos anos 00, por que cargas d'água os punks (como no confronto abaixo, na Cidade do México) têm de implicar com os moços, digamos, mais 'emo'tivos? Eu, hein!

quinta-feira, março 27, 2008

Corpo em NY: crítica negativa

O The New York Times publicou hoje uma crítica bem negativa sobre o espetáculo que o Grupo Corpo apresenta esta semana aqui na Brooklyn Academy of Music (BAM) e que vou conferir amanhã. Para Roslyn Sulcas, o mix de Benguelê, que vi no Municipal do Rio, e Breu, peca pelo exotismo, repetição de movimentos, falta de conteúdo e de emoção. Apesar de destacar os bailarinos fabulosos (especialmente Edson Bezerra e Everson Botelho), a música de João Bosco e Lenine e os figurinos da craque Freusa Zechmeister, Sulcas diz que não há evolução no trabalho do coreógrafo Rodrigo Pederneiras, que segue usando as mesmas estratégias de sedução no palco, com um resultado que pode 'até agradar a platéia, mas está longe de ser arte'. Pegou pesado.

* a imagem acima, belíssima, é de Julieta Cervantes, para o NYT.

terça-feira, março 25, 2008

Mc Cain Cresce

Muito boa a coluna de hoje de David Brooks no NYT. A melhor análise até agora que li sobre o impressionante crescimento da candidatura McCain. É que enquanto os democratas brigam, o republicano que acha que o Irã está treinando terroristas da Al-Qaeda para atacar soldados norte-americanos no Iraque ganha força. Nas últimas duas semanas sua taxa de aprovação cresceu em média 11% nas pesquisas. Ele agora é visto de maneira positiva por 67% dos eleitores (contra menos de 50% para Obama e Hillary). Mais importante: há um mês McCain perdia para Obama entre os eleitores independentes - ou seja, não-vinculados a nenhum dos dois partidos majoritários e que, no fim, decidem a eleição - por uma diferença de mais de dois dígitos. Agora vence o senador de Illnois com folga neste grupo.

O Instituto Rasmussen, que monitora diariamente a corrida presidencial, oferece os seguintes números para esta terça-feira, em pesquisa feita por telefone em todo o país:

Mc Cain 50% x Obama 41%

Mc Cain 48% x Hillary 43%

Se as eleições fossem hoje, o senador republicano pelo Arizona venceria as eleições no voto popular com mais folga do que Bush em 2000 e 2004. É tanto lixo jogado de um lado para o outro entre Obama e Hillary que os republicanos vão conseguindo o que parecia impossível - seguir no governo.

No entanto, como o voto aqui é decidido pelo Colégio Eleitoral, vale prestar atenção em outro cálculo do Rasmussen: hoje 168 votos iriam para McCain e 157 para o candidato do Partido Democrata, com os 141 restantes indefinidos (mas 80 tendendo para os Democratas contra 61 para os Republicanos). São necessários 270 votos para se chegar à Casa Branca e, por aqui, a liderança ainda é da oposição.