quarta-feira, maio 04, 2005

É Coisa Deles, Também

Tem gente que pensa que corrupção, assim como a saudade, o violão e a palhoça, são coisas nossas, muito nossas. Nem sempre. Hoje os jornais e tevês daqui contam a historinha do prefeito Kwame M. Kilpatrick, de Detroit, no Meio-Oeste do país. O alcaide da Motown, hoje uma cidade falida, campeã do desemprego nos Estados Unidos, com um um rombo orçamentário estimado em US$ 230 milhões, aparentemente usou US$ 210 milhões, nos últimos quatro anos, para custear suas viagens, alimentação e pelo menos uma caríssima garrafa de champagne de primeira, todas aparecendo no seu cartão de crédito de gastos da prefeitura.

Kilpatrick foi eleito em 2002 pelo Partido Democrata para um período de quatro anos de governo. Cientista político e capitão da equipe de futebol americano de sua unviersidade, entre as credenciais do prefeito também incluía a de ter sido o primeiro negro a liderar um partido político na história do Michigan. O mais jovem prefeito da história de Detroit soltou uma nota oficial hoje, através de sua assessoria de imprensa. Nela dizia que as viagens e despesas com ‘diversão’ eram parte de seu enorme esforço de atrair negócios para a cidade. Parece que não deu lá muito certo.

Uma Senhora Carta

Esta é a carta que a mãe de minha amiga Gabriela Máximo enviou ao jornal “O Globo” e que vale à pena ser dividida com os que são, como diz Gabi, sensíveis com um “S” bem grande, para lá de maiúsculo. Viva Dona Maria Alice e viva Marcela!

Para a Seção de Cartas do Segundo Caderno

Marcela, uma menina linda de onze anos, que cursa o primeiro grau, é uma das pessoas mais felizes que conheço. Gosta de coisas que as meninas da sua idade gostam. Dança jazz, faz teatro, desfilará este mês, convidada pela segunda vez, para uma grife de moda para pré-adolescentes. Mas não é por esse seu lado "alegre exibido" que ela mais marca sua presença no mundo. É por sua capacidade de dar e promover amor, por seu interesse genuíno na felicidade dos outros, pela facilidade com que dilui tensões e aproxima as pessoas à sua volta.

Na verdade, pela maneira suave com que nos torna, em seu convívio, pessoas melhores e mais felizes. Marcela é minha neta e tem síndrome de Down. Ao ler o Segundo Caderno hoje ( Gente Boa, 3/5 ), tive vontade de dizer isso e muito mais ao Romário e à Isabela. Tive vontade, principalmente, de felicitá-los pela chegada de sua princesinha e pela atitude bonita de exibi-la com orgulho como a exibiriam se ela não fosse Down.

Nem todos os pais demonstram de imediato essa aceitação. Por ser Romário a figura pública querida e respeitada que é, ele já está fazendo, em pouco mais de um mês, muito pela mudança de atitude das pessoas em relação aos portadores dessa síndrome. É na atitude preconceituosa de muitos, nascida da ignorância e da pouca capacidade de amar, que Marcela, Ivy e tantas outras pessoas encontram seus maiores problemas a superar.

Maria Alice Máximo/alicemaximo@superig.com.br