segunda-feira, janeiro 19, 2009

ENTREVISTA/Brad Pitt

Participei de uma concorrida entrevista coletiva - em que fui o único repórter brasileiro a marcar presença - com Brad Pitt e Cate Blanchett, dois de meus artistas favoritos, por conta do sensacional O Curioso Caso de Benjamin Button.

O filme é imperdível. Corra para o cinema e não se assuste com as 2h45 minutos de cinema. É cinemão, do bom.

Agora, o lero-lero:

Brad Pitt

Beleza atemporal

O grande ícone atual da beleza hollywoodiana esconde seu maior bem atrás de rugas, cabelos brancos e costas arqueadas na fábula O Curioso Caso de Benjamin Button, no qual representa um idoso que vai rejuvenescendo. A quem interessar possa, ele será um velhinho bem interessante

 - Foto: Reuters || Divulgação / Warner - 0

Foto: Reuters || Divulgação / Warner

Por Eduardo Graça, de Los Angeles

A beleza de um dos homens mais desejados de Hollywood, Brad Pitt, 45 anos, incomoda a quem menos deveria: o próprio dono dela. Numa clara concordância com a máxima capenga de que homens (e mulheres) bonitos não dão bons atores, um preocupado Pitt pediu ao estúdio Warner Bros. que só divulgasse à imprensa as fotos de cena de seu novo filme, O Curioso Caso de Benjamin Button - principal estreia desta sexta-feira (16/1/2009) nos cinemas -, nas quais ele não está bonito. Pura bobagem do “senhor Angelina Jolie". Sua beleza é inerente e mesmo camuflada por rugas e fios brancos, como no novo longa, revela-se num olhar, num sorriso, num gesto e no seu talento, que, como sua beleza, também é grande.

Por causa de seu magnetismo, aliás, há um risco do espectador ficar mais embasbacado com os sensacionais efeitos especiais que envelhecem (e tentam enfear) Pitt, na pele de um personagem que atravessa uma vida ao contrário - nascendo velhinho e minguando bebê -, do que com sua excelente performance (a crítica americana já considera este seu melhor trabalho). Mas esse risco se dissipa ao longo de sua convincente aparição. Ele, ao lado de sua parceira na maioria das cenas, Cate Blanchett, 39 anos, faz com que o público acompanhe por 2h45 sem piscar os olhos - e com alguns suspiros por parte tanto de mulheres quanto de homens, uma vez que Brad (jovem, é claro) e Cate estão deslumbrantes - a improvável e tocante paixão vivida por Benjamin (papel de Pitt), abandonado pelo pai rico em um asilo, e a bailarina Daisy (vivida por Blanchett).

Na história, inspirada no conto homônimo de um dos maiores nomes da literatura americana, F. Scott Fitzgerald (1896-1940), os personagens de Pitt e Cate vão se desencontrando da infância à velhice - com uma breve e intensa primavera juntos, ao som dos Beatles -, enquanto revelam o quão relativo é o tempo nosso de cada dia.

Bigodinho ralo e usando um colete anos 70, Pitt, que está filmando na Alemanha a mais nova empreitada de Quentin Tarantino, Inglorius Bastards, conversou com a Contigo! nos estúdios da Warner Bros., em Los Angeles. Sério, cabelo bem curto, evitou falar de sua badalada vida pessoal, afinal, do outro lado da cidade sua ex-mulher, Jennifer Anniston, 40, lançava no mesmo dia a comédia romântica Marley & Eu. Mas não conseguiu escapar das perguntas sobre sua legião de filhos - Maddox, 6, Pax Thien, 4, Zahara Marley, 3, Shiloh, 2, e os gêmeos Knox Leon e Vivienne Marcheline, 6 meses - que tem com a companheira Angelina Jolie, 33.

A passagem do tempo
''David Fincher está neste projeto há seis anos. Ele investiu muito de sua vida em Benjamin. Começamos a filmar há dois anos e durante o processo o pai de David morreu. Conversamos muito sobre estes aspectos da vida, a passagem do tempo para as pessoas que mais amamos, temas que procuramos evitar durante nossa vida. Conversei também com quem trabalha em asilos. Eles me disseram que, em geral, o que os pacientes mais idosos falam é sobre os amores e as perdas que tiveram ao longa da vida. Esses são os focos de Benjamin.''

Envelhecendo no set
''Foi difícil usar a maquiagem para o envelhecimento, mas sabíamos que se isso fracassasse, o filme seria também um fiasco. Fizemos testes e mais testes, tive este luxo de ir ficando à vontade com o tempo, me 'vendo' mais velho aos poucos na tela. Não usamos fotos de meus antepassados, mas é engraçado o que meu pai, William, em uma visita ao set do filme, disse ao David, que lhe perguntou o que estava achando de tudo. Ele disse: 'Eu não me pareço com este Benjamin (risos)!'. Eu então disse ao David que ficasse despreocupado, porque eu estava parecendo muito com meu avô materno (mais risos).''

Legado
''Ter seis filhos - sim, eu tenho seis, né! Seis (risos)! - e lidar com o processo de desaparecimento de uma pessoa tão intensamente quanto acontece em Benjamin me fez ter uma maior clareza sobre vida e morte. A certeza de que há um relógio que não para. Estou no meio do meu caminho? Tenho mais 10 anos de vida? No fim, pegava-me sempre pensando como queria passar o tempo que tenho aqui e a resposta era imediata: 'com minha família, com os amigos que amo, com meus filhos'. E mais importante: investir diariamente na qualidade desses momentos e em não estar zangado com quem de fato amo. Em fazer desses momentos cenas especiais, porque, de fato, o clichê é verdadeiro: eles passam rápido demais.''

Lições que o filme traz
''Benjamin me fez olhar as pessoas de um modo diferente. Sinto agora que, de fato, cada ser tem uma história especial para contar, uma surpresa. Olhe à sua volta e pense o quão pouco ou quase nada sabe sobre as pessoas que o rodeiam. Benjamin me fez pensar em olhar para o lado e manter menos a minha cabeça em direção ao horizonte. Cada um de nós carrega momentos extraordinários dentro de si, tal qual Benjamin.''

Trabalhando com amigos
''Sou inteligente o suficiente para saber que, no meu ramo, o segredo é trabalhar com os melhores contadores de história. Tive a sorte de encontrar um dos melhores, que me deixou apresentar histórias como as do Clube da Luta, Seven e Benjamin. É simples assim.''

Jovem X Velho
''Nós já fomos jovens um dia (risos). O futuro é sempre mais desafiador de se representar.''

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