segunda-feira, janeiro 19, 2009

ENTREVISTA/Dustin Hoffman & Emma Watson

Ele é o que há. O máximo. Depois de tê-lo flagrando carregando jarra de suco de frutas no elevador do chiquérrimo Beverly Wilshire, em Beverly Hills, durante o lançamento do delicioso Kung Fu Panda, agora eu o vi fazendo graça para os jornalistas em Santa Monica. O motivo? O lançamento de mais uma animação - O Corajoso Ratinho Desperaux, que também conta com a voz de Emma Watson, a Hermione de Harry Potter.

As entrevistas com os dois seguem abaixo:

Dustin Hoffman

Ratos no porão

Descontraído e falando pelos cotovelos, Hoffman conta como foi interpretar um rato impetuoso em O Corajoso Ratinho Despereaux, e Emma Watson fala sobre a vida profissional além dos muros de Hogwarts

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 - Foto: Jaimie Trueblood / Divulgação / Paramount Pictures - 0

Foto: Jaimie Trueblood / Divulgação / Paramount Pictures

Hoffman dubla o rato Roscuro em O Corajoso Ratinho Desperaux

Por Eduardo Graça, de Los Angeles

Na primeira vez em que Contigo! se encontrou com Dustin Hoffman este ano - no lançamento do megasucesso Kung Fu Panda - o ator de 71 anos, vencedor de dois Oscars, por Kramer Vs. Kramer (1979) e Rain Man (1988), foi direto: ''Não gosto de animações''. Então por que ele está emprestando sua voz para mais um desenho animado, desta vez para o rato Roscuro, um dos heróis de O Corajoso Ratinho Despereaux, estreia desta sexta-feira (16/1/2009) nos cinemas? ''Continuo não gostando'', responde, com uma piscadela de olhos. ''A melhor resposta é: tenho dois netos.''

Na coletiva para a imprensa internacional em Los Angeles, Hoffman, terno e gravata, alinhadíssimo, só parava de falar quando bebericava seu refrigerante. E brincava com as pedras de gelo no copo, para lá e para cá, tal qual um personagem... de desenho animado! O nariz enorme e os olhos pequeninos remetem imediatamente a seu Roscuro, um rato diferente, que gosta da luz e de sopas elaboradas - qualquer tentativa de acusar o filme de plágio de Ratatouille (2007) não vai funcionar, já que o longa é a adaptação do livro homônimo publicado em 2003 -, criado em alto-mar, que viaja mundo afora, indignado ao se perceber no Reino da Dor, onde, por conta de uma trapalhada sua, a escuridão é lei. Roscuro, ao lado do camundongo Despereaux (com voz de Matthew Broderick) e da princesa Pea (vivida por Emma Watson, a Hermione da cinessérie Harry Potter), decide transformar este conto de fadas surrealista em uma história de amor em que todos, inclusive o intrépido personagem de Hoffman, viverão felizes para sempre. A seguir, os principais trechos da conversa com Dustin Hoffman.

O neto Gus
''Minha filha Jenna vive em Minneapolis. Ela e meu genro ficaram entusiasmadíssimos com a candidatura de Obama e foram ao seu comício lá. E falam tanto em Obama, mas tanto, que meu neto Gus, de quatro anos, perguntou, seríssimo: ‘Mãe, Barack Obama é um restaurante ou uma loja de brinquedos’? (risos). Quando você tem esse tipo de reação em casa, quando elas são importantes para você, é hora de fazer filmes como O Ratinho Despereaux. Não vejo a hora de ele ver este filme. Em Kung-Fu Panda ele me perguntava por que eu estava machucando o Jack Black (risos).''

Dublagem

''Definitivamente, não gosto. A parte boa é que você não precisa ir para o set de filmagem todos os dias. Você faz quatro horas em um dia, aí passam-se meses, às vezes anos, e te chamam novamente. No meio disso, você pode fazer outros filmes. Ficar num quarto fechado fazendo vozes... hummm... não, eu não gosto mesmo. Nem um pouquinho (risos). Eu e o Matthew sequer conseguimos fazer uma cena ao mesmo tempo! Não é sequer tão excitante quanto sexo por telefone (muitos risos)!''

Barack Obama

''Estou muito, muito feliz (com a eleição de Obama para presidente). Na manhã seguinte à da eleição, no dia 5 de novembro, percebi que havia me livrado de uma sensação horrorosa, que tive durante oito anos: a de que me sentia envergonhado por ser americano.''

Os filmes do menino Dustin
''BambI (1942) foi o primeiro filme que vi na vida. E no fim a floresta está em chamas, os animais fugindo, tentando sobreviver. Morri de medo (risos)! Só fui perceber essa qualidade assustadora das histórias para crianças novamente quando comecei a ler para os meus filhos, na hora de dormir. Pinóquio, por exemplo, também tem seu lado assustador, desesperador, não é? São narrativas brutais.''

Escolhas
''Atores são seres passivos. Recebemos roteiros e aí decidimos o que fazer. Não fiz A Loja Mágica de Brinquedos no ano passado porque era um filme para crianças, isso não pesou em nada. Fiz porque achei meu personagem, Magorium, o criador da loja, interessante. Nunca, nesta indústria, os grandes papéis abundam. Sejamos honestos. Muitas vezes você pega o melhor dos piores e vai em frente. Pense em quantos filmes de fato bons você viu este ano. Agora, é claro, andei recusando alguns pornôs recentemente (risos). É que os diretores não concordaram com alguns efeitos especiais que exigi para aparecer em cena (mais risos).''

Sopas
''Quando criança, não era fã de sopas, como Roscuro. Tinha horror. Mas hoje curto, por exemplo, sopa de ervilhas. Como minhas origens são lá da Ucrânia, posso dizer que adoro sopa de repolho, estourando de quente, e de beterrabas, fria, com creme e um tiquinho de vodka. Aliás, adoro borsch e tudo o que é feito com o que vem da terra. Amo raízes. Gosto mesmo. Acho perfeito que a sopa é quase um personagem em Despereaux.''

Semelhanças com Ratatouille
''Essa, eu passo. Se o diretor estivesse aqui, como previsto, ele responderia se a questão se trata de semelhança ou de roubo de ideias mesmo (risos). Mas o pneu do carro dele furou. Aliás, uma desculpa boa para não vir à entrevista, não acha (mais risos)?''

Sendo Dustin Hoffman

''Imagina, eu, com este nariz, me olhei no espelho e disse para mim mesmo: 'Dustin, serás uma estrela de Hollywood' (risos). Que nada! Olha, nasci e fui criado em Los Angeles e, quando jovem, me mudei para Nova York, onde dividi um apartamento com Robert Duvall e Gene Hackman. Nós queríamos apenas sobreviver como atores. Naquela época, como hoje, apenas a minoria dos atores não precisava de um bico. Hoje, somos uns mil vivendo da arte aqui em Hollywood, enquanto outros 12 mil fazem outras coisas para pagar as contas no fim do mês. Nunca tivemos subsídio às artes nos Estados Unidos, apenas nos anos 30, para o teatro, que durou pouquíssimo.''

Liberdade Artística
''Sucesso corrompe. Quando era um ator de teatro, se não concordava com a linha de um diretor, dizia adeus e pronto. Eu me mandava. Esse era um dos melhores aspectos da profissão. Com o sucesso, vêm as concessões, inevitáveis. Não vou dar nomes aos bois, mas fiz, sim, concessões em muitos filmes de Hollywood. Filmes bons são acidentes, que acontecem muito de vez em quando. Um ótimo filme que fiz recentemente, por exemplo, foi Mais Estranho Que a Ficção (2006). Fiquei surpreso pelo fato de Emma Thompson, que está brilhante, e o roteiro, não terem sido reconhecidos como deveriam. Mas é como diz Stephen Frears, um diretor sensacional, um artista de fato, que nunca fez o sucesso merecido aqui nos Estados Unidos. Quando ele se encontrou com o grande diretor americano John Huston (1906-1987), pediu-lhe um conselho sobre a função de dirigir filmes. Huston perguntou: 'Quantos dias você tem para filmar seu novo filme, meu filho?'. Frears disse que teria 32. Huston então pensou um pouco e disse: 'Bem, se você fizer uma concessão por dia, serão trinta e duas concessões! E lá se foi seu filme para o brejo. Você está perdido!' (risos). Essa é a mais pura verdade.''


Emma Watson

''Toda mulher é uma princesa''

 - Foto: Ollie Upton / Divulgação / Paramount Pictures - 0

Foto: Ollie Upton / Divulgação / Paramount Pictures

Emma Watson durante a dublagem da princesa Pea

Ollie Upton / Divulgação / Paramount Pictures

Nome de princesa ela já tem. Emma Charlotte Duerre Watson é, aos 18 anos, uma das adolescentes mais famosas do planeta. Sua Hermione Granger, a intelectual da cinessérie Harry Potter, já se tornou apelido, nos Estados Unidos, até da futura secretária de Estado do governo Obama, a senadora Hillary Clinton, 61. Com um tino para a moda mais apurado que o da ex-primeira-dama americana (aos 15 anos, ela foi a mais jovem capa da Teen Vogue), Emma é, ao contrário de sua personagem mais famosa, loira natural, nasceu em Paris, cresceu em Londres e, no mundo real, fatura por ano algo em torno de 4 milhões de dólares, de acordo com a revista Forbes. Contigo! conversou com a ela. Seguem os melhores trechos.

Você apareceu lá atrás na coletiva do Dustin. Nunca havia visto isso acontecer antes. Parecia bem atenta...
Sim! Dustin é um ator fabuloso, que sabe como entreter uma plateia, né? Fui lá para ver o show (risos). Adorei!

A imprensa britânica jura que você será a nova cara da Chanel...
Ah, a imprensa britânica (risos)! Não, não fechamos nada. Quem sabe no futuro? Mas é hilário, todos ficam me dando parabéns, e é mais um boato...

Os boatos sobre a sua vida são muitos?
Ah, claro. O que eu já namorei nas páginas de revista, menino, é uma loucura (risos)! Mas não posso reclamar, até que eles me dão um refresco. A imprensa faz com que minha vida seja um pouco mais complicada, mas ir à escola todos o dias e, no ano que vem, se tudo der certo, cursar uma faculdade, ajudam muito.

Estava pensando em seus colegas de Harry Potter. Parte da mídia e do público queriam que Daniel Radcliffe, por exemplo, permanecesse eternamente o menino de óculos de aros pretos...
É verdade. Também sofri com o complexo de Peter Pan. Sei que as pessoas amam tanto aqueles personagens que gostariam que ficássemos daquele jeito para sempre. Infelizmente, minha gente, estou crescendo, e não tem jeito (risos).

Este ano, você apareceu na capa da Harper's Bazaar, uma das mais conceituadas revistas de moda dos Estados Unidos. Diria que o mundo da moda é tão interessante quanto o do cinema?
Moda é uma diversão para mim. Vejo como um ótimo modo de me expressar. E eu adoro. Mas, hoje, definitivamente, posso dizer que sou uma atriz. Gosto de atuar.

Há alguma pressão pelo fato de você já aparecer na 'lista das mais vestidas', as pessoas comentam o seu estilo...
Sim. Sinto-me um pouco intimidada. É como se fosse julgada a cada momento em que abrisse a porta da minha casa para ir à rua. Mas espero que essa sensação não aniquile o prazer que tenho com a moda. Sempre gostei de pensar que tenho meu próprio estilo, bem a cara de Londres, mesclando muitas influências, sem seguir uma coisa em particular.

Você tem algum ícone quando pensa em moda?
Sim. Audrey Hepburn (1929-1993). A maneira como ela se vestia era atemporal, simples e elegante. E Jennifer Connely, sempre incrível. Ah, e também as Kates: Bosworth e Hudson, sempre interessantes no modo de vestir. Agora, se eu pudesse escolher uma carreira, seria a que a Cate Blanchett tem, fazendo papéis multifacetados e sempre acertando nas escolhas. Nicole Kidman também é minha referência. As australianas são fenomenais! E a inteligência de Jodei Foster Nathalie Portman e Meryl Streep? Poderíamos ficar aqui por horas...

O que você pode revelar sobre o novo Harry Potter e o Enigma do Príncipe, que chega aos cinemas em julho?
Que é um filme mais romântico, tem um quê de comédia romântica, eu diria, com os principais personagens passando mais tempo às voltas com seus interesses sentimentais. Há muito humor. A relação de Hermione e Ronnie evolui bastante e vai ficando mais interessante para o que vem aí nos momentos finais da história.

E é verdade que você não quis voltar a fazer a Hermione no último filme da saga?
Não! É que tivemos de agendar tudo para não atrapalhar meus testes para a universidade, foi um problema de agendamento apenas. Terminaremos de filmar em setembro e espero começar imediatamente a estudar Literatura Inglesa.

Você está se preparando para esse fim?
Sei que vou ficar especialmente emocionada, passei metade da minha vida como Hermione. Os diretores, as pessoas da equipe técnica são como minha segunda família. Ao mesmo tempo, no entanto, estou animada, pois estarei livre para outros projetos, poderei administrar melhor meu tempo. Estou pronta para fazer outra coisa agora.

Em seu tempo livre o que você costuma fazer?
Adoro ler, praticar esportes, especialmente hóquei e tênis, cozinhar, viajar e passar tempo com minha família e amigos. Sou craque em fazer uma torta de framboesa, que, modéstia à parte, é uma delícia. Ah, e nos feriados longos, adoro viajar para lugares em que posso mergulhar, como as Ilhas Maldivas. Mergulho desde os 12 anos. É uma das minhas paixões.

Em Despereaux você vive uma princesa. Quando é que você se sentiu uma nobre?
Rá! Essa é boa. Acho que o vestido cor-de-rosa que a Jany Temime criou especialmente para mim e que usei em Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005). Ele tinha um quê de princesa, os babados, aquela coisa toda. Mas a princesa que eu sempre adorei era Ariel, de A Pequena Sereia (1989). Ela era sensacional! Mas uma das coisas que mais gosto em Despereaux é a idéia de que toda mulher é uma princesa, basta que seja vista dessa maneira por quem a ama. O segredo é a gente se sentir princesa.

Esse é um pré-requisito para os que pensam em se candidatar ao seu coração?
Ah, é! Mas está difícil, sabe? Não há muitos cavalheiros como o Despereaux por aí, não. Mas sei que um dia vou encontrar um homem honrado, corajoso, gentil e, sim, que me faça rir. Não tenho, honestamente, um tipo físico ideal, mas tenho problema com os chatos e os pouco inteligentes.

A revista masculina Maxim a elegeu uma das 100 mulheres mais sexys do planeta, e você tem apenas 18 anos! Qual foi sua reação?
Fiquei lisonjeada. É um pouco estranho, porque sou tão jovem, mas é cool. Recebi um telefonema de uma amiga me dizendo: ''Olha lá você na lista da revista!''. Meu pai e meu avô ficaram possessos, claro (risos)!

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