quarta-feira, abril 30, 2008

Perfil/ROBERT DOWNEY JR.

A Contigo! publicou na edição que chega hoje às bancas o mini-perfil que escrevi do ator Robert Downey Jr., protagonista de Homem de Ferro. O filme estréia hoje no Brasil.

A entrevista foi feita em um hotel de luxo na Cidade do México. Downey estava cansadíssimo, havia chegado de helicóptero no hotel às 5h da manhã (vindo de Los Angeles), mas encarou com serenidade a maratona de conversas com jornalistas mexicanos e brasileiros. As expectativas para o filme eram grandes - Olga de Mello já disse, e bem, o que viu lá no Arenas, ela se empolgou mais do que eu - e Downey está ótimo, embora me irrite um pouco o transporte forçado da trama do Vietnã para o Afeganistão. Especialmente os terroristas da O.N.U. falando húngaro! Mas como não se deixar levar pelos efeitos especiais, impressionantes, e pela atuação de Downey Jr., que em nenhum momento se leva a sério? O seu prazer de 'brincar' de herói vale o ingresso.

O perfil publicado pela Contigo!, segue, na íntegra, abaixo:

Robert Downey Jr.
A volta por cima

Por Eduardo Graça, da Cidade do México

Pedantismo, interesses escusos, ostentação, sexo, bebidas, drogas e, claro, rock and roll, muito rock and roll. Com certeza é uma combinação de fatores para lá de explosiva para um blockbuster, ainda mais se for temperado com o aparecimento de um super-herói que supera tudo isso e ressurge forte, leal, compreensivo, doce e protetor dos fracos (e das fracas!) e oprimidos. Esse é o argumento de Homem de Ferro - que estréia quarta-feira (30) -, sobre o herói originário da HQ homônima e criado, entre outros, pelo lendário e Midas do gênero, Stan Lee, 85 anos.

E alguns dos elementos do protagonista se confundem com a trajetória do ator que lhe dá vida na telona, o nova-iorquino Robert Downey Jr., 43. Esse talentoso ex-bad boy é mesmo, como o próprio gosta de afirmar com certa marotice, "o" Homem de Ferro. Exatamente como Tony Stark (o empresário alter ego do herói), Downey deixou de lado um comportamento autodestrutivo. Em seu caso, o vício em cocaína, heroína e crack, que o levaram a noites no xilindró, acusado por porte de droga. Nas penitenciárias da Califórnia, ele foi brutalmente agredido por companheiros de fardo.

Tudo isso ficou para trás - sua última temporada na prisão foi em 2001 -, assim como o casamento com a atriz e cantora Deborah Falconer, 42, mãe de seu filho, Indio, 14. “É engraçado que as pessoas perguntam se o Indio ficou nas nuvens quando soube que eu encarnaria o Tony Stark. Ele achou legal, claro, mas acho que ele é, para minha alegria, muito mais cool do que o Homem de Ferro, né? Eu, quando tinha a idade dele, também estava mais interessado em gibis mais adultos, mais da hora. Agora, no entanto, sou o fã número 1 do personagem, claro!”, jura o ex-enfant terrible de Los Angeles, casado há três anos com a produtora Susan Levin, 34 anos.

Aprendendo com os erros

A Contigo! foi até a capital mexicana para conferir a primeira apresentação mundial do Homem de Ferro para uma platéia escolhida a dedo pelos produtores, que investiram mais de US$ 18o milhões no filme. Para ganhar o papel principal, Downey teve de fazer pela segunda vez um teste de elenco em sua longa carreira – a primeira foi em Chaplin, filme que lhe rendeu a indicação de melhor ator no Oscar de 1992. Com seus olhos imensos, cabelos levemente grisalhos e sorriso de lado, Downey Jr. não gosta de falar mais uma vez sobre os anos negros que o transportaram para as páginas policiais dos jornais. "Não há quem não pergunte sobre o tema", reclama. Mas até que ponto sua própria imolação pública na luta contra o vício das drogas não o inspirou a compor o personagem, que também tinha problemas de alcoolismo? Downey diz não ter dúvidas de que a experiência o ajudou a construir seu pungente Homem de Ferro.

Amigo de todas as horas e fã incondicional ‘do melhor ator de sua geração’, o diretor Jon Favreau, um nome pouco conhecido e que lutou para contar com Downey Jr. no elenco, é direto: “É claro que esta foi uma das razões pela qual o Robert sempre foi o Homem de Ferro de meus sonhos. Ele passou por momentos muito difíceis, andou pelo lado escuro da vida. Mas mais importante ainda: meu Homem de Ferro teria de ser alguém que tivesse voltado para a luz, que trouxesse uma mensagem de possibilidade, de vitória sobre algo tenebroso. A disciplina e o comprometimento dele, conquistados a duras penas, foram o que me fizeram lutar por ele”.

A super-produção conta ainda com Gwyneth Paltrow, 35, vivendo a doce secretária Virginia ‘Pepper’ Potts, Jeff Bridges como o mentor-antípoda de Stark e Terrence Howard como o melhor amigo do herói. Paltrow revelou em entrevistas que só concordou em fazer seu primeiro filme de super-heróis depois de um telefonema crucial para Downey, seu ator preferido. Ele teria dito a ela, ainda relutante, que ‘já está na hora de nós dois fazermos um filme que alguém vai assistir’. “Ha!Ha! Foi isso mesmo. Mas Gwyn é muito generosa de dizer que sou o ator favorito dela. E sim, eu queria muito mesmo fazer algo mais comercial, diveritdo. Para mim, a grande diferença é a vantagem de que, com o tamanho da produção, poderia fazer exatamente o que queria no set. Não houve limites”, conta.

Puxando ferro
Downey parece bem mais musculoso no filme do que na sala do hotel na Cidade do México. É que ele acaba de filmar a nova comédia de guerra de Ben Stiller, em que vive, acredite se quiser, um negro magricela. O ator segue, sim, repleto de surpresas. Uma de suas obsessões após nocautear o vício – sua última temporada na prisão foi em 2001 – é a prática de uma variante de kung-fu. Ele treina diariamente com um professor de wing chun, em casa. “Meu corpo já não é mais o mesmo de dez anos atrás. Agora demora um mês para conseguir um resultado que alcançava em uma semana. Tive, no set, um personal trainer que me ajudou muito. Por outro lado, perco tudo muito mais rápido. Mas disciplina, é sim, mais do que nunca, um elemento-chave de minha vida”, revela, com a certeza de que as seqüências de Homem de Ferro – e, conseqüentemente, as sessões de musculação - não vão demorar a pipocar na tela. Ainda bem.

Um comentário:

Olga de Mello disse...

Ah,menino, eu me empolguei mais que vc porque desejei imensamente o Tony Stark lanternando meu carro!
E só!