quarta-feira, outubro 10, 2007

Entrevista/NICHOLAS CAGE

Nicolas Cage

Mágico e sedutor

Por Eduardo Graça, de Nova York, para a Contigo!

Divulgação / Paramount

Em seu novo filme em cartaz, O Vidente, o astro de Hollywood mostra os músculos e continua irresistível

Reza a lenda que o contrato de Nicholas Cage, 43 anos, com os grandes estúdios de Hollywood inclui uma cláusula capciosa: o ator teria de aparecer pelo menos uma vez sem camisa na telona - sabe-se lá a razão, já que ninguém ainda teve coragem de perguntar (até porque, apesar de educadíssimo, é seco, sucinto e encerra imediatamente suas entrevistas quando alguém resolve perguntar algo mais invasivo. Como, por exemplo, o que ele acha da diferença de 20 anos que o separam da sua atual mulher). Pois em O Vidente, seu novo filme em cartaz por aqui, ele não decepciona as fãs, principalmente, e revela sua boa forma na pele do mágico Cris Johnson - mostra seus músculos (e também um cabelo ridículo à moda do professor Robert Langdon de O Código Da Vinci), mas esconde suas muitas tatuagens.

No novo longa, ele expõe também sua mulher, a ex-garçonete e aspirante a designer de jóias Alice Kim, 23, mãe de seu caçula, Kal-el, 2. Alice faz uma ponta, a sua primeira como atriz.

Sobre esses e outros assuntos, Cage conversou com a imprensa mundial num luxuoso hotel em Manhattan, Nova York. A seguir, a entrevista.

O Vidente marcou a estréia de sua mulher, Alice Kim, em Hollywood. A participação dela no filme foi uma idéia sua?
Foi. Ela não tem a menor vontade de seguir a carreira artística. Mas vamos guardar para sempre a lembrança de termos trabalhado juntos em um filme. Poderemos mostrar isso ao nosso filho, Kal-el, no futuro. Foi muito, muito divertido tê-la no set.

Você já teve alguma experiência de vidência ou, durante a preparação para as filmagens, entrou em contato com alguém que tivesse tido alguma possível experiência paranormal?
Apesar de ser um céptico nesses assuntos, tenho a cabeça aberta. Tudo é possível neste mundo. Por exemplo, pense naquele momento em que sente que uma pessoa do outro lado da rua está olhando para você. Daí você vira o rosto e lá está ela, te encarando. O que é isso? Premonição? Não sei. Ou quando se acorda todos os dias um segundo antes do despertador tocar. Ou quando se pensa muito em alguém, o telefone toca e ao atender percebe ser a pessoa na qual acabou de pensar do outro lado da linha. Seria irresponsável ou, melhor, ignorante, negar a existência de algo inexplicável como isso.

E como você se preparou para encarnar Cris Johnson, o mágico vidente do filme?
Ele pode prever o futuro imediato e foi essa característica que quis explorar ao máximo, me preocupei até como ele deveria andar, sabendo tudo o que ia acontecer 2 minutos à sua frente. Para isso, contratei uma coreógrafa de dança moderna, para adquirir mais agilidade. Também fiz uns exercícios por conta própria, como rir sem um motivo especial, já que ele saberia o que aconteceria de engraçado minutos depois. Uma de minhas cenas favoritas é quando ele vai se encontrar com o personagem da Jessica (Biel) em um restaurante e pode prever o quão desastroso será esse primeiro encontro. Quem nunca desejou fazer os movimentos certos para cortejar a mulher pela qual se interessou? Seria ótimo (risos)!

Gostaria de poder ver o futuro?
Neste momento de minha vida, sim. Tentaria estar pronto para tudo e assim viver sem medo. E se pudesse mesmo ter o dom de ver o futuro, bem, gosto de pensar que o usaria para ajudar os outros.

E o futuro de sua carreira? Como você o vê?
Trabalhando cada vez menos, fazendo menos filmes e mais focados em meu trabalho por trás das câmeras, dirigindo ou treinando atores.

Você prefere fazer filmes mais hollywoodianos, como O Vidente, ou trabalhos mais independentes como Grindhouse, de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez?
A grande vantagem de se fazer filmes independentes é que as suas chances de ser demitido são bem menores (risos). Mas acho que ainda tenho liberdade para atuar da maneira que eu quero nos filmes de estúdio. Lembra de Peggy Sue, Seu Passado a Espera? Eu resolvi atuar como se estivesse dentro e uma história em quadrinhos dos anos 80 e quase fui limado. Ainda bem que o diretor era meu tio (Francis Ford Coppola) e ele segurou minha onda (risos). Mas o importante é que você deve sempre arriscar e tentar fazer o que acha correto para cada papel.

Anda fazendo vários heróis na tela recentemente, como no Motoqueiro Fantasma, As Torres Gêmeas e agora em O Vidente...
De fato, se a gente concordar que herói é aquela pessoa que se sacrifica para beneficiar os outros, o que acaba acontecendo com muito custo com o Cris, podemos considerá-lo um herói também. Gosto de pensar que todos nós passamos por momentos em que podemos fazer algo heróico na vida, em maior ou menor escala. Por exemplo, quando se conta a verdade para alguém sobre determinado assunto, mesmo sabendo que a história vai deixar você em maus lençóis com o outro, se está sendo um pouco herói.

E no cinema, cultiva seus heróis?
A maioria dos meus heróis do cinema estão mortos. Adoraria ter tido a chance de trabalhar com Federico Fellini (1920-1993), Stanley Kubrick (1928-1999), Marlon Brando (1924-2004) e Walt Disney (1901-1966). Eles mudaram a maneira da gente pensar e transformaram nosso mundo de uma maneira impressionante.

Existe algum algum personagem, dos muitos que você interpretou, do qual se sente mais próximo?
Vai parecer estranho, mas Johnny Blaze, de Motoqueiro Fantasma (risos). Creio que é porque boa parte do personagem é o resultado de minha própria vida. Literalmente, um belo dia estava comendo jujubas, em uma taça de martini, escutando Karen Carpenter e pensando sobre este dom ou praga que me jogaram e que me permite ser um ator de Hollywood. Mais Motoqueiro Fantasma, impossível.

Apesar de todas as críticas negativas, O Motoqueiro Fantasma transformou-se em um grande sucesso de bilheteria. Você pensa em fazer uma seqüência? E ainda tem planos de levar o desenho animado japonês Astro Boy para a tela grande?
Claro! Adoraria fazer o pai no filme do Astro Boy. Imagino algo como uma versão ficção científica do Pinóquio. E um Motoqueiro 2? Hum... Depende. Se o roteiro for bom, digo sim na hora!

Um comentário:

Olga de Mello disse...

Caro colega,
Vc sabe que tenho uma tremenda implicância com o Nicholas Cage, desde 'Birdy'. Acho-o supervalorizado, um sortudo, que teve um bom empurrãozinho do tio Francis.
Agooooora, imprescindível é que ele surja desnudo em tudo quanto é filme, pois é o que melhor ele pode oferecer aos espectadores, já que as performances sempre são aquela luta da falta de expressão natural com a causada pelo Botox e um esgar bucal para combinar com a eterna angústia dos olhos sempre dirigindo o foco para cima. Tremendo canastrão.