quinta-feira, outubro 11, 2007

Abaixo o Patrulhismo! - Artigo de Olga de Mello

Outra jornalista supimpa, a querida Olga de Mello, minha colega de Eu&Cultura no Valor Econômico, baseada no Rio, aproveita a carona do artigo de Márcia Pereira e me mandou o dela. Com vocês, Olga de Mello, que vai ver o filme amanhã. Ela trata de outro aspecto interessante do filme do Padilha: a de centrar a narrativa do ponto-de-vista do policial. Vamos ver se ela muda de opinião após conferir a Tropa de Elite no cinema:

Abaixo o Patrulhismo!
Por Olga de Mello, para o edudobrooklyn

Essa polêmica está parecendo aquela história do filme do Mel Gibson sobre Cristo, que "acusava os judeus de matarem Cristo". Enquanto transcorria essa discussão, alguns críticos falaram que o filme era bom. Não vi. Também não vi ainda a Tropa de Elite. Mas eu detesto patrulhismo. Se fosse assim, ninguém poderia ver A Queda, com Bruno Ganz vivendo um Hitler absolutamente maluco - o que o isentaria de todos os crimes cometidios.
Enquanto neguinho patrulha, como se cinema tivesse que ter moral da história (e televisão, não. Lá, os vilões acabam virando mocinhos, quando interpretados por atores que defendem o personagem convictamente), se esquecem de dizer se o filme é bom ou ruim. Aqui, se uma história toca numa ferida aberta, tendemos a ir contra quem trouxe o assunto à baila. Foi assim com Cidade de Deus, lembram? "Favela High-Tec", "glamourização dos bandidos". Existe algum glamour no "Dadinho é o caralho, meu nome agora é Zé Pequeno"? Dá é medo mesmo. Eu fiz uma ressalva ao filme, aquela festinha de despedida de um bandido à qual todos na favela vão, incluindo os crentes. Isso não existia na década de 70. Bandido não era tão amado assim, não. Mas o filme é mais do que um documentário.

O mesmo deve ocorrer com a Tropa, que verei amanhã. O filme é uma obra de ficção, infelizmente, muito semelhante aos fatos reais. Não é mera coincidência. E, pela primeira vez temos um filme contado sob o ângulo da polícia. Aqui, só apóia policial jornalista escandaloso de TV. Mas mostrar uma história pelo ponto de vista deles, ninguém quer. E policial linha dura, mau-caráter, endeusado, o cinema americano tem milhares. Haja filme de pancadaria com filosofia Sivuca. Tá na hora de termos o nosso também.

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