sábado, maio 02, 2009
ENTREVISTA/Clive Owen
A CONTIGO! publicou a entrevista que fiz com Clive Owen, durante lançamento de Tama Internacional, filme ainda sem data de estréia nos cinemas brasileiros. E o inglês dos olhos de ardósia, torcedor famático do Liverpool, falou da crise financeira mundial. Os bancos, afinal, são os grandes vilões do filme, dirigido por Tom Tykwer, de Lola, Corra, Lola.
Owen, que fez a linha 'não me amarra dinheiro não' revela ainda que foi um cabeludo na juventude e adora a comparação com o Dirty Harry de Eastwood.
Clive Owen
Astro Sem Crise
Um dos mais elegantes de Hollywood, o astro inglês sabe que o mundo passa por
um caos financeiro sem precedentes, mas afirma que nunca se venderia por um bom salário
Por Eduardo Graça, de Los Angeles
Clive Owen, 46 anos, já enfrentou guerreiros bárbaros com espadas (Rei Arthur), um futuro fascista ao extremo (Filhos da Esperança) e até o espião Jason Bourne (A Identidade Bourne). Mas nenhum vilão é tão temido quanto o que o astro luta contra em Trama Internacional e Duplicidade, seus dois grandes filmes de 2009: a crise financeira global.
No primeiro, Owen vive um agente da Interpol investigando assassinatos cometidos a mando de um conglomerado financeiro. No segundo, ganha a ajuda de Julia Roberts, 41, para garantir a aposentadoria de seu espião. Queimado pelo sol do Caribe, onde passou as férias, vestindo um terno Giorgio Armani e esperando o fim da entrevista para tomar um drinque na piscina do hotel, Clive diz viver ''em estado de saudade permanente'' da mulher, a atriz Sarah-Jane Fenton, e das filhas, Hannah, 12, e Eve, 9, que vivem em Londres. Pelo visto, a crise global não atingiu o ator inglês. ''Dinheiro não tem essa importância toda para mim'', garante. ''Mas a conta telefônica é estratosférica!”.
- Seus filmes mais recentes passam a impressão de que você gosta de se cercar de um ambiente sombrio...
- Isso deve ser o reflexo de uma atração que tenho por personagens mais complexos. Papéis de gente muito leve, muito tranquila, acabam me passando a impressão de que não terei muito o que fazer em cena.
- Trama Internacional foi filmado antes de a crise financeira estourar, mas a história é atual. Como no filme, os bancos são os grandes vilões da realidade?
- Sim! Esse é meu filme que mais funciona como uma crônica de nosso dia-a-dia. Trata de grandes questões do momento, da complexidade do sistema financeiro, da globalização, e procura descobrir aonde vai nosso dinheiro.
- E como você lida com o seu dinheiro?
- Do modo mais simples possível. Não tem essa importância toda para mim. Sério! Tenho uma filosofia de trabalho que vem desde o início da minha carreira: jamais aceitei fazer qualquer trabalho por dinheiro. Nem uma única vez. Esse é o guia de minha relação com o dinheiro.
- Mas nem no início de sua carreira?
- Ah, sim. Claro, não é? Qualquer filme que me fosse oferecido, qualquer um mesmo, eu topava. Estava me referindo ao momento no qual passei a poder escolher projetos. Juro, jamais optei pelo que me pagaria mais ou que pudesse ter maior bilheteria. Minha relação com o dinheiro sempre foi bem simples: confiar no meu feeling e trabalhar direitinho. O resultado, inevitavelmente, chega.
- Olhando para o cenário da crise, você se considera um homem de sorte por passar temporadas em Los Angeles, tomando drinques à beira da piscina do hotel?
- Todos os dias de minha vida. É esse o pensamento que mais me vem à cabeça quando estou trabalhando aqui. Agora, sempre encarei meu emprego da maneira mais séria possível e, honestamente, esse tipo de sucesso, de reconhecimento, não era o que eu buscava. Queria apenas trabalhar bem.
- Já que não é o salário, o que pesa de fato na hora de decidir seu novo projeto?
- Tenho de gostar dos roteiros que leio, mas logo entendi que cinema é uma mídia do diretor. Não vou mentir, escolho meus projetos pelo nome de quem vai dirigi-los. Não vou dar nome aos bois, mas já desisti de fazer mais de um filme porque não confiava no diretor. A lógica é simples: se você estiver nas mãos de um diretor ruim, as chances de o longa ser terrível são muito maiores.
- Por causa de suas escolhas mais recentes de filmes, fica-se a impressão de que você é uma espécie de Dirty Harry - personagem clássico de Clint Eastwood - mais intelectualizado...
- (Risos) Adorei isso! Sim, um Dirty Harry mais cabeça, que engraçado!
- E você foi assim antes do casamento e de virar pai? Um jovem durão e matador?
- Não, nem um pouco (risos). O oposto, diria. Quando jovem, eu pintava o cabelo e fazia uma linha mais David Bowie, bem maluquinho (risos). Ah, a juventude...
- Você sente falta de alguma coisa quando está filmando?
Da minha família, o tempo todo. Hannah e Eve não podem mais deixar o colégio para viajar e ficam com Sarah-Jane em Londres. Morro de saudades das três. Ficamos em contato o dia inteiro. A conta telefônica é estratosférica.
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