sexta-feira, agosto 29, 2008

A Vice do McCain

Minhas impressões - e a da mídia americana - sobre a governadora do Alasca, que saiu da mais profunda insignificância para ocupar a vice-presidência da chapa republicana, foram publicadas hoje no Portal Terra.

Aí vai:

Sexta, 29 de agosto de 2008, 13h50 Atualizada às 15h44
Escolha de vice de McCain surpreende mídia nos EUA
EDUARDO GRAÇA
DIRETO DE NOVA YORK

Foi uma escolha surpreendente. O senador John McCain, que na semana que vem será homologado candidato republicano à sucessão de George W.Bush, escolheu a desconhecida governadora Sarah Palin, do Alasca, para ser sua companheira de chapa. Analistas e mesmo líderes do partido situacionista apostavam em três nomes mais conhecidos nacionalmente para a vice-presidência: o senador independente Joe Lieberman (que disputou as eleições de 2000 como vice de Al Gore), o ex-governador do Massachusetts Mitt Romney e o governador de Minnesota, Tim Pawlenty.

Palin é uma conservadora de 44 anos que surpreendentemente venceu as eleições no Alasca há dois anos contra um experiente candidato democrata. Uma das vozes mais conhecidas do rádio no estado mais gélido dos EUA, Steve Heimel disse que até mesmo em seu estado todos foram pegos de surpresa com a escolha de McCain. "A governadora é jovem, reformista e vem da indústria pesqueira. Sua experiência antes de vencer as eleições de 2006 era apenas a de administrar um subúrbio de Anchorage e de ser indicada para cargos públicos. Mas posso dizer que ela conseguiu, nestes dois anos, o respeito dos eleitores", disse à grande imprensa, curiosa para saber mais sobre a política neófita.

Para se ter uma idéia do tamanho da surpresa a senadora Kay Hutchison, do Texas, quiçá a legisladora republicana mais conhecida do país, disse na tevê que, honestamente, não tinha muito o que falar sobre a governadora, embora defendesse a escolha de seu colega de partido. Palin é radicalmente contra o direito ao aborto e ao casamento de pessoas do mesmo sexo, agradando aos conservadores desconfiados da suposta independência de McCain. Ela também é favorável à exploração de petróleo na área ambiental de proteção do Alaska. A aposta do senador do Arizona é a de continuar a sangria na campanha democrata, atraindo o voto de eleitoras de Hillary Clinton, interessadas em apoiar a segunda mulher candidata a vice-presidente por um dos dois partidos majoritários. A primeira foi Geraldine Ferraro, em 1984, derrotada pela chapa Reagan-Bush, que buscava a reeleição.

Do lado democrata, a pergunta que foi feita é o que aconteceria com os EUA na hipótese de que algo acontecesse com o senador John McCain, que completa 72 anos hoje. Será que o país estaria mais seguro nas mãos de uma governadora desconhecida de 44 anos do que de Barack Obama, apontado pelos republicanos como inexperiente? Os republicanos reagiram lembrando que Palin é a única, no entanto, dos quatro políticos nos tíquetes majoritários majoritários (Obama, McCain e o vice do democrata, Joe Biden, são todos senadores) que passou pelo Poder Executivo.

McCain apresenta sua vice aos eleitores em Ohio
EDUARDO GRAÇA
DIRETO DE NOVA YORK

O candidato republicano à presidência dos EUA, John McCain, apresentou nesta sexta-feira a governadora do Alasca, Sarah Palin, com sua candidata à vice-presidente durante um comício em Dayton, no Estado de Ohio.

No evento, realizado na Universidade Estadual de Wright, McCain anunciou que escolheu Palin pelo seu combate à corrupção. "Ela é exatamente o que eu necessito. É exatamente o que este país precisa ", disse McCain.

"Ela mostrou uma grande tenacidade e habilidade em abordar problemas sérios, especialmente a dependência perigosa do petróleo estrangeiro", destacou McCain.

O republicano também enfatizou o fato de que ela é mãe de cinco filhos e que a escolha se deu justamente na semana em que se comemora o aniversário da declaração de sufrágio universal nos EUA.

Sarah, 44 anos, foi ao ato acompanhada de sua família - seu marido Todd e quatro de seus cinco filhos. Ao contrário de Biden (vice de Obama), que atacou McCain na semana passada, Sarah foi discreta e preferiu elogiar o seu companheiro de chapa.

"Há apenas um candidato que pode verdadeiramente lutar pelos Estados Unidos, e este homem é John McCain", afirmou a candidata a vice, que é conhecida pelo seu conservadorismo e por ser contrária ao aborto.

Apesar disso, se descreveu como "reformista" politacamente e afirmou que enfrentou as grandes empresas petrolíferas e "o clube de velhos amigos" que dominava a política de seu Estado.

Ela também apresentou brevemente sua biografia perante um público que, como o resto do país fora do Alasca, não a conhece. "Cresci trabalhando com as mãos", disse ela, que se definiu como uma mãe "comum", que assiste a jogos de hóquei de seus filhos no Alasca.

Por fim, procurou capitalizar o ineditismo de ser a primeira candidata à vice-presidência a ser nomeada pelo Partido Republicano. "Aproveito para prestar homenagem a Geraldine Ferraro e também a Hillary Clinton, que vieram antes de mim".

"Hillary fez uma bela campanha e os 18 milhões de votos que conseguiu ainda podem ser destinados a uma mulher. Não terminamos o trabalho ainda!", disse, propondo às mulheres que votaram na senadora de Nova York durante as primárias que apóiem a chapa McCain-Palin.

Um comentário:

Olga de Mello disse...

Por que é sempre a direita festiva que joga as mulheres no fogo, né? Óbvio que esta aí tinha que ter filha adolescente grávida e filho bebê com Down. As opiniões sobre a gravidez da menina, algo que pode acontecer em qualquer casa, no Globo On são de matar. Culpam a desatenção da mãe, mais preocupada com a própria carreira do que com a família... E quando é que homem tem culpa se é mais preocupado com a própria carreira do que com os filhos. Haja paciência com quem não enxerga que o mundo andou...