A revista Monet, na edição deste mês, publicou o perfil que escrevi de Sarah Jessica Parker, a Carrie Bradshaw de Sex&The City. O filme, que chega aos cinemas brasileiros na sexta-feira, derrubou Indiana Jones do posto de primeiro lugar nos cinemas norte-americanos neste fim de semana, com uma bilheteria de US$ 55,7 milhões. Trata-se da maior bilheteria de um filme protagonizado por um mulher em toda a história de Hollywood. Obviamente já se fala por aqui de uma seqüência no ano que vem.
O perfil, na íntegra:
O Poder da Marca
Eduardo Graça, de Nova York, para a Monet
SJP. Parece nome de código de aeroporto. Ou de spray desodorante. É, sim, uma marca. E das mais poderosas do mundo do entretenimento. Sarah Jessica Parker – ou SJP, como preferem público e mídia norte-americanos – é, aos 43 anos, um dos rostos mais reconhecidos dos EUA. Quando Sex & the City, o filme, chegar aos cinemas brasileiros, no dia 6 de junho, milhares de curiosos estarão tão interessados em saber o que acontece com Carrie Bradshaw, Mr.Big, Miranda Hobbes, Samatha Jones e Charlotte York Rosenblatt, quanto no que os personagens estarão vestindo. Não por acaso o que primeiro chama a atenção no bate-papo com SJP na suíte de um hotel de luxo de frente para o Central Park é o cinto da atriz. Vermelhíssimo, imenso. “É vintage Yves-Saint Laurent. Mas seu leitores vão pensar que eu gosto mais de moda do que de atuar, o que não é verdade!”, ela protesta, com um sorriso calmo antes de morder os lábios tal qual Carrie em um de seus momentos mais indefesos. Não há quem resista.
Pequenina, com imensos olhos azuis e nariz pronunciado, SJP parece ser uma daquelas mulheres que sabem exatamente o tamanho de seu poder e estão focadas em exercê-lo de maneira sábia. A tarefa não é das mais fáceis. As seis temporadas da série de televisão (vencedora de oito Globos de Ouro e sete Emmys) reativaram sua carreira em Hollywood (ela protagonizou os sucessos de público, embora não de crítica, Tudo em Família e Armações do Amor) e a transformaram em garota-propaganda da Gap. Sem esquecer da oportunidade de criar sua própria linha de perfumes e uma grife de roupas famosa tanto pela qualidade quanto pelos preços baixos. Agora ela se prepara para emprestar sua face a um shopping center de São Paulo. Nos EUA, já há quem fale do ‘Sarah Jessica Parker Mall’ brasileiro. Quando escuta a heresia a atriz gargalha com vontade. “Não! Não! O nome do local é Ci-da-de Jar-dim”, diz, em português impecável.
Quando sua pronúncia é elogiada ela revela ter grandes amigos brasileiros. “Mas ainda não consegui passar muito do muito obrigado, é tão difícil! E preciso aprender mais, pois vocês, brasileiros, são gentilíssimos, agradáveis ao extremo, fica difícil dizer não. No caso do Cidade Jardim, resisti muito até concordar em participar, de alguma forma, do projeto. Mas é assim que a gente consegue negociar e produzir filmes independentes, que não são bancados por grandes estúdios. Abrindo portas em outros mercados, estabelecendo parcerias com gente legal”, conta a atriz, que emprega na casa do West Village duas babás brasileiras. Seu filho James, 5 anos, de acordo com o pai coruja, o ator Matthew Broderick, é famoso na vizinhança por falar inglês com perfeito sotaque brasileiro.
SJP é caseira, odeia badalações e cultiva o saudável hábito de fazer graça de si mesma. Uma das cenas mais engraçadas de Sex & the City acontece quando as quatro amigas resolvem recordar os velhos tempos e saem para tomar aquele que era seu drinque favorito – o Cosmopolitan. Em determinado momento elas começam a refletir por que haviam parado de beber seus Cosmos. “Porque todo mundo parou, né, gente?”, dispara Sarah, ou melhor, Carrie.
Para quem acompanhou as andanças de Miss Bradshaw pelo concreto de Manhattan, fica difícil separar a personagem da atriz. Uma sensação que, aliás, não se restringe a SJP. Kristin Davis chega na suíte nas pontas do pés, andando em pulinhos exatamente como Charlotte em seus momentos mais enervantes. Cynthia Nixon é objetiva como sua Miranda. “Andaram dizendo que eu iria me casar com minha namorada no fim do ano. Acho ótimo poder desmentir isso. Assim posso mencionar que não, em Nova Iorque, nós, homossexuais, não temos o direito de nos casar. Ah, se eu pudesse!”, diz, com um sorriso desconcertante. Apenas Kim Catrall, a Samantha, parece mais uma senhora elegante de 50 anos do que a esfuziante predadora da série da HBO. Foram suas exigências – de um cachê maior e de maior controle criativo sobre sua personagem – que reportadamente levaram o filme (gestado por SJP desde o fim da série) a demorar quatro anos para sair do forno. Coincidentemente, Samantha é o membro do quarteto que tem um final mais singular na nova trama, destoante das outras três ‘meninas’.
O foco principal, claro, é em Carrie, que se vê novamente às voltas com as idiossincrasias de Mr.Big. Desta vez, ele parece ter se superado, criando tamanho trauma que obriga as meninas a uma viagem de recuperação, no distante México. Na volta à cidade querida, a jornalista contrata uma assistente vivida pela dreamgirl Jennifer Hudson. Vencedora do Oscar de melhor atriz-coadjuvante em sua estréia no cinema, Hudson diz que SJP se transformou em uma espécie de ‘mentora’ para ela. “Quando cheguei no set, ela, que é uma figuraça, vivia me pedindo para eu cantar o tempo todo. Até que um dia tomei coragem e disse que não, eu não era uma jukebox, e nos acabamos de tanto rir”, diz.
O segredo por detrás da mística de SJP parece vir mesmo de sua capacidade de interagir com seu interlocutor, com seu público, com o outro. É este também o tema central do filme: encontrar na capacidade de se perdoar o parceiro o significado exato do ato amoroso. Chris Noth, que vive Mr. Big, diz que o filme é quase uma extensão de sua amiga SJP: “Quando a gente se conheceu, na leitura dos textos no primeiro ano da série, comecei a balbuciar as músicas de Sweeney Todd entre um intervalo e outro. Sou fã de Sonsheim e Sarah, que é uma primorosa atriz de musicais, me acompanhou de primeira. Foi conexão imediata! Eu a chamo carinhosamente de ‘meu pequeno verme’. E costumo dizer que ela é o meu céu azul e límpido. É que ela diz que sou um rio turbulento e escuro. Eu concordo, e ela vai me ajudando a clarear as águas enquanto o dia passa. Ela sabe, como poucos, exatamente quem eu sou. É isso: SJP tem este dom de te decifrar”.
terça-feira, junho 03, 2008
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4 comentários:
olá eduardo
vi que, há um tempo, você conversou com o chuck palahniuk. estou elaborando meu tcc como uma reportagem sobre ele. gostraria de saber se vc está disposto a responder umas perguntinhas sobre sua conversa com ele... por favor, me passe seu e-mail ou entre em contato com anderson_antonangelo@yahoo.com.br
obrigado desde já
anderson
Vc caiu pela SJP...
Ela é o máximo pessoalmente!
Oi Edu,
Tinha lido na Monet. Bem legal.
O filme estreia aqui no Rio amanhã. Vou assistir pela curiosidade e pela ligação afetiva (Sex and The City tem a ver com minha relação com a Cahte sabia?).
SJP é um bom simbolo de como esse lance de série de tv mudou. Ator de cinema jamais fazia tv e vice e versa agora o que de melhor se produz em audio visual nos EUA está na tv e os atores de cinema parecem fazer questão de participar das séries né?
abs
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