segunda-feira, maio 12, 2008

W, por Oliver Stone

O fim de semana por aqui foi todo da primeira-família. Nos tablóides, apareceram as fotos do casamento de Jenna, uma das gêmeas de George e Laura. Novas pesquisas deram conta que quase 80% dos norte-americanos acreditam que o país está sendo governado de forma equivocada. Mas o melhor estava na EW, que trouxe com exclusividade as primeiras fotos - e detalhes - de W, o filme que Oliver Stone quer lançar às vésperas das eleições, neste outono.

A capa traz Elizabeth Banks como a primeira-dama Laura e um irreconhecível Josh Brolin (estrela de Onde os Fracos Não Tem Vez, dos irmãos Coen) como o homem que chegou à Casa Branca em 2000 apesar de ter recebido menos votos do que Al Gore. O enteado de Barbara Streisand está usando uma prótese no nariz para ficar mais parecido com George W. Bush. É de arrepiar!

O repórter Benjamin Svetkey acompanhou as primeiras movimentações da produção do longa (que deve completar a trilogia de presidentes de Stone, responsável por JFK e Nixon) nos cafundós da Louisiana. O roteiro - assinado por Stone e Stanley Weiser (de Wall Street - Poder e Cobiça) - ainda está sendo azeitado, mas algumas cenas já vazaram para a imprensa, tais como:

* o presidente se engasgando e quase sufocando com um pretzel enquanto acompanhava uma partida de futebol-americano na tevê

*  dando apelidos a Condolezza Rice ('guru') , Colin Powell ('pé-chato') e Karl Rove ('turd-blossom', uma flor que dá no Texas e cresce aonde há uma grande concentração de esterco) no meio de uma reunião para definir como seria feita a invasão do Iraque.

* aos 26 anos, embriagado, estacionando o carro no gramado de seus pais e gritando insultos contra o pai 'certinho'.

* anos depois, quase protagonizando um acidente fatal ao pilotar um jatinho alcoolizado.

* brigando com Dick Cheney e dizendo que 'quem decide é ele'.

* tentando convencer Tony Blair de que uma boa idéia para se provocar uma guerra com o Iraque seria mandar um avião da Força Aérea norte-americana com as cores da ONU para atacar Bagdá de supresa ou, no caso de ter de usar um Plano B, 'simplesmente assassinar o filho-de-uma-égua do Saddam'.

* quando seu pai é eleito presidente, ele confessa a Laura que 'no fundo queria que ele tivesse perdido a eleição para o democrata Michael Dukakis'. É que agora ele 'jamais sairia da sombra do pai'.

* quando a França decide denunciar a invasão do Iraque, em 2003, Bush solta palavrões contra Jacques Chirac, a quem nunca suportou.

* em 1999, governador do Texas, ele diz a um tele-evangelista que 'a verdade é que eu não tenho o menor interesse em concorrer à presidência, mas sinto que Deus quer que eu seja o novo presidente e eu devo concorrer. Eu tenho que concorrer!".

* em uma conversa com Prince Bandar, o embaixador da Arábia Saudita em Washington, Bush confessa que desde a invasão do Iraque ele abandonara os doces. "É meu sacrifício pessoal para mostrar o apoio moral que dou às nossas tropas".

No elenco de W já estão confirmados o ótimo James Cromwell como Bush pai, Ellen Burstyn como mama Barbara, a ingelsa Thandie Newton (de À Procura da Felicidade) como Condi, Jeffrey Wright como Colin Powell e outro súdito da rainha, Toby Jones (o Capote caricaturizado de Confidencial), como Karl Rove. Ainda falta escolher quem encarnará o todo-poderoso Dick Cheney. Diz-se que Robert Duvall, depois de ler o roteiro, pulou fora do barco correndo.

O último filme de Stone, Torres Gêmeas, tinha Nicholas Cage à frente do elenco, faturou US$ 70 milhões na bilheteria, mas foi massacrado pelos liberais, que viram a obra, curiosamente, como um libelo pró-Bush, uma tentativa ingênua de ligar os atentados às Torres Gêmeas à invasão do Iraque. Para a esquerda, o filme, um Stone menor, parecia justificar os atos do homem que ele agora quer biografar na tela.

O diretor, que estudou na Universidade de Yale na mesma época que Bush e John Kerry, diz que pretende contar a história 'de um homem que tinha talentos limitados, com a exceção de um dom: a impressionante habilidade de ser ele mesmo. Se Scott Fitzgerald estivesse vivo ele estaria escrevendo sobre George W. Bush. Ele, é, de certa maneira, um Gatsby ao contrário', diz.

Já dá para ter uma idéia do que será o W de Stone.

4 comentários:

Milena Magalhães disse...

Eduardo, de cinema a politica, vou me inteirando dos EUA por aqui! Estou desde agora torcendo por Obama! E esta tua estante e tua vitrola estão de da agua na boca! Eu li tudo do Hatoum e vou correndo comprar este ultimo.

Um abraço.

Eduardo Graca disse...

Eu estou adorando o Hatoum, mas ainda bem no comecinho...aguarde notícias de Allende e Vonnegut aqui no site em breve. Obrigado pelos seus posts! Abraços muitos.

Henrique Crespo disse...

Oi Edu,

Oliver Stone até já fez um ou outro filme interessante mas, em geral, o cara tem uma mão pesada. Com esse tema então a coisa promete. Vejamos.
W é mesmo uma bio ou é aquela onda que mistura ficção com realidade?
Isso me faz lembrar de como regredimos (juridicamente) em questão de biografias aqui no Brasil depois do caso Roberto Carlos.
Uma cinebio do Roberto dirigida pelo Cádio Assis seria um barato. rsrs
abraço
Henrique

Eduardo Graca disse...

Henrique querido! Estou sabendo que já já terei você aqui por estas bandas. OBA!

Pois é, menino, seu Oliver diz que é uma biografia, sem ficção, mas...Vc acredita? Nem eu! Só vendo!

Cine-bio do Roberto pelo Claudio Assis? Vc tá querendo ver o circo pegar fogo, né? Adorei a idéia!