Na mesma reunião da ABI, segundo O Globo, a senadora Heloísa Helena (P-SOL-AL), disse que ‘se as apurações alcançarem o presidente, é a favor de um plebiscito para antecipação das eleições'. Não entendi.
Ora, se as investigações – seja na CPI, seja na Polícia Federal – envolverem diretamente Lula cabe ao Congresso Nacional iniciar um processo de interrupção do mandato do presidente, com todo direito à mais ampla defesa. Tudo nos conformes, como manda o figurino de um país democrático em que as insitituições, apesar de tudo, têm funcionado bem. Foi assim na crise de 1992 e o país continuou seguindo sua vida normalmente.
A senadora ecoou o equivocado artigo desta semana no Jornal do Brasil do ex-deputado Milton Temer, agora no P-SOL, em que este defendia a tese do referendo popular para decidir se Lula deve ou não terminar seu mandato. Pensar em plebiscito é uma avenida de mão dupla: ao mesmo tempo em que se embarca no discurso golpista de interrupção do mandato de um presidente eleito por 52 milhões de cidadãos - em um desrespeito que revela uma cara-de-pau sem tamanho - também se coloca mais lenha na fogueira de que o Legislativo carece de legitimidade.
Mas revela também um velho cacoete de nossos políticos: o de jogar por fora das regras democráticas – seja recebendo jabá para campanha política, seja aprovando reeleição em benefício próprio, seja querendo 'ouvir as massas' nas questões por eles consideradas de ‘emergência nacional’. Este sim é um mal que precisa ser cortado pela raiz. E os que pretendem estar trazendo o novo à cena política nacional, especialmente estes, já deveriam ter aprendido a lição.
sexta-feira, julho 29, 2005
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Um comentário:
Neguinho é golpista MESMO neste país.
Se houver impeachment, que Lula caia como diz a legislação e que assuma seja lá quem for - o José Alencar ou o Severino (a possibilidade existe, sim; Alencar foi eleito com a mesma coligação pró-grana que Lula).
Mas fazer o quê? Mudar a lei por fisiologismo puro?
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