quarta-feira, julho 27, 2005

Diretinho da Redação (23)



O texto abaixo pode ser lido no www.diretodaredacao.com


Todo Mundo Faz!

Um pouco de História sempre cai bem. Ainda mais História recente, recentíssima. Em 1988, um grupo de parlamentares do PMDB, descontente com os rumos da sigla de Ulysses Guimarães e assustado com a aliança perpétua com o PFL - revelada de forma mais crua no chamado “Centrão” – decidiu fundar um novo partido. Escolhem o tucano como símbolo e criam o PSDB. Dez anos antes o PT fora criado para fugir das tradições autoritárias do velho PCB e para pregar um socialismo libertário, feito para e por trabalhadores. A idéia era provar que os dois partidos não faziam o que todos fazem e, coincidência ou não, nos últimos 14 anos, desde a crise do governo Collor, PSDB e PT vêm dominando, de São Paulo, a cena política nacional.

Tá bem, deu no que deu. O PSDB, igualzinho ao PT agora, provou das benesses do governo federal e saiu manchado. Aliou-se ao mesmo PFL e dedicou-se em demasia a tenebrosas transações feitas com Valérios dos mais variados quilates. Só a campanha para governador do atual presidente do partido, senador Eduardo Azeredo (MG), embolsou R$ 11,7 milhões via caixa dois. E isso em 1998. A reação do tucanato às denúnicas – que envolvem outros mineiros conhecidos, como o ex-ministro Roberto Brant e o atual governador Aécio Neves - é a mesma do petismo: “todo mundo faz”.

PT e PSDB são hoje, fósseis andantes, mortos-vivos que se alimentam de um fiapo de esperança que a sociedade brasileira ainda teima em depositar na conta de seu futuro político. A saída, única, viável e possível, é uma união de gente de bem deste país – os 21 deputados da esquerda petista, o PSOL de Heloísa Helena, exceções como Fernando Gabeira, Denise Frossard e Jefferson Peres – em uma nova agremiação partidária. Uma que já nasça musculosa, mas sem vícios. Uma que não repita os erros cometidos no passado.

Que encontre novos erros e os enfrente de cabeça erguida. Que não tenha um projeto único de poder e de tomada da máquina pública do Estado. Que se preocupe menos com a reeleição e mais em combater as desigualdes sociais que vão transformando, diariamente, mais pobres em miseráveis e mais ricos em milionários. Que tenha moral e coragem para lidar de frente com a violência e assumir e derrotar o terrorismo verde-e-amarelo. Que, principalmente, não represente apenas o pensamento da elite paulistana – intelectual ou sindical - mas entenda o tamanho da federação, suas diferenças, suas contingências, seus nós.

Este partido político não existe. Não ainda. Quando fundado, o PSDB reunia 8 senadores e 40 deputados. Não é impossível, acreditem, encontrar 50 parlamentares éticos, cujos nomes não aparecerão na lista do mensalão, indignados com a sujeirada que gruda em todo o Congresso Nacional. Uma faxina geral, que valorize novamente a idéia da democracia representativa, começa com esta gente vestindo a camisa de um mesmo time. Eles precisam de um nome, uma bandeira, um slogan e uma certeza apenas: a de que os fins não justificam os meios. Ou a política de nossos dias, por si só, exclui esta definição?

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