domingo, dezembro 28, 2008
ENTREVISTA/Jennifer Aniston e Owen Wilson
Esta semana a Contigo! publicou meu texto sobre a entrevsita coletiva com Jennifer Aniston e Owen Wilson, em Santa Monica, Califórnia, por conta do lançamento do filme Marley & Eu, comédia romântica que chegou aos cinemas do Rio e de São Paulo no dia de Natal.
O texto que escrevi, na íntegra, segue abaixo:
Jennifer Aniston
Deixem-Me Ser Só Atriz
Por Eduardo Graça, de Los Angeles
A namoradinha da América sorri amarelo quando intimada, na conferência de imprensa no hotel à beira da praia de Santa Mônica, a dizer quem é mais fiel, o cão ou o homem. “O quê? Não tenho a menor idéia!”, diz. O mais loiro dos irmãos Wilson, por sua vez, deixara o repórter do USA Today falando sozinho, depois que este perguntara, em entrevista publicada na capa do caderno de entretenimento do jornal de maior vendagem do país, se seu cachorro o ajudara a enfrentar momentos difíceis em sua vida. Não, não tem jeito. Um filme-família, uma história deliciosa com um cachorro sapeca, discussão emocional sobre a mortalidade, gente bonita e casas fantásticas, no campo ou à beira do mar, parecia a receita perfeita para se deixar de lado as agitadas vidas pessoais de Jennifer Aniston, 39, e Owen Wilson, 40. Mas o lançamento de Marley & Eu, que chega aos cinemas brasileiros na Noite de Natal, não impediu que a cena se repetisse: dezenas de paparazzi se espremendo na porta do hotel, em busca de alguma imagem da ex-mulher de Brad Pitt e do menino de ouro de Hollywood que foi parar no hospital aparentemente por conta de uma profunda depressão.
Mas deixemos as emoções mais fortes para o fim, como o roteiro de Marly & Eu. Adaptação fiel de um dos livros de maior sucesso de 2005 nos EUA, a estrela-mor do novo filme de Aniston é, em última análise, o cachorro Labrador sapeca e malandrão que se torna o mote das colunas de seu dono, o jornalista John Grogan, vivido por Wilson. Aos poucos, Marley conquista a patroa da casa, a também jornalista Jenny (Aniston), os filhos que vão chegando – os fofíssimos Patrick, Conor e Colleen – e o público saudoso de heróis do calibre de Lassie e Benji . “Quando li o roteiro, honestamente, pensei naqueles sonhos que você tem quando é jovem, planeja sua vida toda e...as mudanças chegam de súbito! Nós não temos a menor idéia do que o futuro nos reserva. Temos ambições, expectativas, nos preparamos para um cenário que criamos na nossa mente e às vezes você tem de jogar fora certos desejos, pois aquela não é a estrada que você irá trilhar”, diz a atriz, entre uma e outra longa passada de mão pelas madeixas loiras, filosofando sobre sua personagem em Marley & Me, uma jornalista que vira dona-de-casa enquanto o marido se transforma em estrela do jornalismo local ao escrever sobre as estripulias do cão Marley. Mas a metáfora, é claro, também vale para a história da menina de ouro que durante dez anos brilhou no seriado Friends como a falsa-boba Rachel, subiu o altar com Brad Pitt, 45, e viu-se no meio do triângulo amoroso mais famoso de Hollywood quando seu marido a deixou por Angelina Jolie, 33.
“Tenho tanto medo de transportar esta questão para minha vida pessoal. Não sou o tipo de pessoa que tem sempre tudo planejado. Quando criança, não era a menina que sabia que iria crescer, se casar e ter filhos. Apenas queria sair da casa de meus pais e sobreviver! Ter meu próprio apartamento, sabe? Acho que é meio óbvio que sou uma ‘pessoa do momento’’, jura, recitando a velha máxima de John Lennon, uma de suas favoritas, aquela em que o Beattle dizia que “a vida é o que acontecia enquanto você estava fazendo outros planos”.
Quatro anos depois da confusão que virou sua vida de cabeça para baixo, Aniston deixou escapar, em recente entrevista à Vogue americana, que não gostou da declaração de Angelina, mãe de seis filhos (três biológicos, três adotados) com Pitt, publicada na revista americana no início de 2007, de que, sim, ‘contava os minutos para estar no set de filmagem de Senhor e Senhora Smith, e que poucas crianças tinham o privilégio de conferir o filme em que seus pais se apaixonaram’. “Foi muito feio da parte dela”, reclamou a estrela de Marley & Eu. Bastou esta simples declaração para que a novela Brangelina voltasse ao horário nobre. Mas Aniston não perde o humor: “As pessoas adoram mexer com meus cachorros, a Dolly, uma pastora-branca, e especialmente com o Norman, meu terrier! Como ele apareceu em várias publicações, trata-se de um cachorro reconhecido na rua, sabe? Mas estou colocando limites nele! Nada de aparecer mais na Oprah e muito menos na Vogue!”.
Revistas, decididamente, não têm sido o forte da loira. Em plena campanha de lançamento de Marley & Eu, ela acaba de aparecer como veio ao mundo – coberta apenas por uma gravata tricolor - em um ensaio sensualíssimo para a capa da GQ americana com o título Meu Deus, Esta Mulher Tem 40 Anos!, ao lado de jovens modelos masculinos. Na reportagem, ela diz que se sentiu bem em “posar com o corpo nu sobre homens que funcionavam como mobiliário para mim”. As críticas de que ela estava ‘fazendo tudo’ para promover o filme começaram a pipocar na imprensa assim que as imagens foram parar na internet. Mas o que Aniston faria se, como sua personagem Jenny, fosse de fato uma jornalista e se tornasse editora-chefe de uma revista importante? Ao ser questionada, a atriz primeiro ri, coça as mãos e faz sua melhor careta de maldoso: “Ah, o que eu faria? Tcharam! Não, me desculpe, mas passo esta, vamos para a próxima”.
No próximo minuto Aniston diz que espera expandir seus domínios no mundo maravilhoso do cinema. Há dois anos ela dirigiu o drama Room 10 (inédito no Brasil), com elenco comandado por Kris Kristofferson e Robin Wright Penn (mulher do ator Sean Penn). E este ano ela produziu Management, uma comédia romântica em que divide a tela com Woody Harrelson. Seu último blockbuster, Separados pelo Casamento, foi lançado há distantes dois anos e meio. A atriz declarou recentemente que, em um ano que ainda estrela a aguardada comédia Ele Não Está Tão A Fim de Você, atração de abril nas telonas brasileiras, “esperava que agora as pessoas parassem de falar de minha vida pessoal e lembrassem que tenho um emprego, sou uma atriz”.
Sim, mas é verdade que a atriz reatou seu romance com o cantor John Mayer? E que a atriz deixou e beber e está mais gordinha – de acordo com os tablóides americanos, pois o repórter desta Contigo! não conseguiu perceber gordurinhas a mais na belíssima loira, vestida com um pretinho básico colado ao corpo – prova de que...estaria grávida? “Lá vem a pergunta sobre o meu relógio biológico! Ai, meu Deus! Eu não tenho nada a dizer sobre este assunto, gente! Na-da!”, desconversou. Mas a atriz não poderia então revelar a fórmula de se atravessar momentos complicados na vida? “A mesma que todos usam. Famílias e amigos”, garante, séria. E os requisitos para um relacionamento perfeito para a vida da atriz, um parceiro ideal como o John, de sua Jenny, no filme? “Não há pré-condições, não idealizo. O filme é bem realista, eles brigam bastante, mas se seguram, na capacidade de assumirem compromissos e no fato de não serem egocêntricos. Acho tão ilusório pensar em relações ideais, sem altos e baixo. Vocês ainda acreditam nisso? Jura?”.
Talvez por conta do reality show em que sua vida se transformou há quatro anos, Jennifer Aniston, a atriz, gosta de encarar os interlocutores e devolver-lhes as questões que são originalmente endereçadas para Jen, o ícone dos tablóides. Na longa reportagem da GQ ela conta que um dia desses, cansada, decidiu abrir a janela do carro e perguntar a um dos vinte paparazzi que a seguiam em deprimente cortejo pelas ruas de Beverly Hills, onde mantém seu escritório: “Gente, vai ser isso todo dia? Não tem como a gente fazer algo um pouquinho menos insano?”. Ao fim, vidro fechado, a atriz não conseguiu deixar de achar graça no fato de que, por um momento, percebeu-se sentindo falta do tempo em que os fotógrafos se escondiam atrás dos arbustos para capturarem uma imagem-surpresa. Ironicamente, eram tempos mais românticos no circo das celebridades.
Rica, poderosa, bela, ousada, a moça do narizinho arrebitado e da pele sempre queimada de sol não consegue deixar de passar uma sensação de melancolia, injustiça e abandono por onde quer que passe. Vai ver este é o charme de La Aniston, que solta pistas do que de fato pensa sobre sua própria trajetória assim quase que sem querer, como ao explicar o motivo pelo qual decidiu, depois de muito pensar e repensar, encarar seu primeiro “filme-família-pra-valer-com-cahorro-a-tiracolo”. Foi uma longa conversa com o diretor David Frankel, horas a fio falando daquela mulher que deixara a carreira para trás afim de cuidar de crianças e de um marido destinado ao sucesso, que a fez finalmente topar o desafio. “Acho que a sensação de conforto que tive vem do fato de David não ser de Los Angeles, não ser deste mundo que pode te...pode te...não sei...”. E a entrevista termina com Aniston saindo às pressas enquanto policiais carrancudos circulam pelo saguão e fotógrafos impacientes tentam cercar todas as saídas do hotel. É dura a vida da atriz.
Owen Wilson
Terno cinza, camisa cor-de-rosa de gola e um tênis branco, Owen Wilson é uma reprodução quase perfeita de seu personagem John Grogan em Marley & Eu. Nem bem chega a uma das salas de convenções do hotel e ele lembra que seu cachorro, Garcia, um cão-de-guarda australiano, também aprontou muito, quase tanto quanto Marley. “Nos primeiros anos tive que lidar, digamos assim, com uma questão de energia em demasiado do Garcia. Fiquei muito mais próximo dele depois, quando ele se acalmou. Não conhecia ninguém com uma história de ter um cachorro tão espevitado quanto o Marley até que a Jen me reltou a história dela”. Aniston teve um chow que, nas palavras da atriz ‘era assustador e chegou a avançar em uma criança’. O jeito foi mandá-lo de volta para o criador que a vendeu o animalzinho.
Wlson parecia aéreo na entrevista e respondia a questões com algum atraso, para deleite de Aniston, que se divertia com suas tiradas. Inclusive com sua reflexão sobre a fidelidade canina em relação às escapulidas sexuais e sentimentais dos seres humanos. “Para fazer esta comparação de fato, temos de levar em conta se o cão em questão foi castrado ou não”, disse, sério. A voz, miúda, e o sorriso, largo, dão um tom de ternura ao ator que passou por momentos difíceis no ano passado, quando foi hospitalizado depois do que a polícia de Los Angeles qualificou como uma tentativa de suicídio. De acordo com amigos, Wilson estava arrasado com o fim de seu romance com a atriz Kate Hudson, 29.
Um dos momentos mais delicados na divulgação de Marley & Eu aconteceu quando o repórter do jornal USA Today perguntou ao ator se seu cachorro Garcia tinha sido importante no momento difícil pelo qual passara recentemente. O ator simplesmente saiu para respirar e voltou para o local minutos depois, continuando a entrevista sem responder à questão. “Vejo Marley & Eu também como a história de um homem que em determinado momento acha que seu amigo, um jornalista que acaba no New York Times, tem uma vida mais interessante do que a dele. O John precisa encontrar a felicidade nas aventuras da família, na rotina com Marley. É como se o desafio dele fosse encontrar a felicidade com o que ele tem”, diz.
Quando alguém o pergunta se ‘vida em família’ é valorizada demais nos dias de hoje, Wilson é rápido no gatilho: “mas quem é que vai responder um ‘sim’ a uma pergunta destas? Quem não quer estar cercado pelos que os amam? Sou muito próximo de minha família e estar cercado pelos meninos no filme foi ótimo. E foi legal ver o David (Frankel, diretor do filme) lidando com seu filho no set de filmagem. Fiquei pensando que seria legal ter um filho também”.
No set de filmagem, no entanto, os bebês sempre choravam quando ele os pegava no colo. “Não sei o motivo, mas era tiro e queda. Com a Jen, ao contrário, eles ficavam calmos. Eles definitivamente ficavam mais calmos com ela”, disse, piscando os olhos.
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