quarta-feira, abril 26, 2006

Diretinho da Redação (43)


A coluna da semana já está no DR e aqui embaixo também.


NA PRIVADA, DESCENDO DESCARGA ABAIXO


Ele está na capa da revista semanal The Nation que chega às bancas do país no dia 8 de maio, com cara de bobo, dentro da privada, enquanto a manchete pergunta: “até onde os números de Bush podem despencar”? Ainda faltam dois anos e nove longos meses para o término do segundo governo de George W.Bush mas a sensação, por aqui, é de que ninguém agüenta mais.

A aprovação do presidente, na mais recente pesquisa da CNN, caiu para 32%, um recorde histórico. Os generais andam insatisfeitos com o andamento da guerra no Iraque e vivem pedindo a cabeça do secretário de Defesa, Donald Rumsfield. Na academia, os neocons sobreviventes se escondem debaixo das mesas. E até no quartel-general do Partido Republicano a ordem é se afastar ao máximo de Washington para não acontecer o que até ontem era tido como impossível: uma surra nas eleições parlamentares do fim do ano, com o risco de perderem o comando das duas casas do legislativo. O que seria de um fim de governo Bush com o Capitólio nas mãos dos democratas? No mínimo, especulava ontem a CNN, instalações de cinco grandes comissões parlamentares para investigar erros militares, violação da privacidade dos cidadãos e corrupção envolvendo os contratos para reconstrução do Iraque e do Afeganistão invadidos, sem falar nos desmandos pós-Katrina. Algo assim como o ‘maior escândalo da história da república’ imaginada por George Washington.

Pois esta semana o historiador Ean Wilentz, da Universidade de Princeton, autor de dois livraços – “The Rise of American Democracy” e “Andrew Jackson” - escreveu na popíssima Rolling Stone o que parece ser o obituário da aventura texana na Casa Branca. Com todas as letras ele afirma que, até agora, George W. Bush (2001–2006) foi o pior presidente americano de todos os tempos. Sãos seus os adjetivos: a administração Bush II foi uma desgraça colossal, pior, para ficarmos apenas no século XX, do que o corrupto Warren Harding (1921-23), o pouco ético Herbert Hoover (1929-33) e até mesmo do que Richard Nixon (1969-74), forçado a renunciar.

Wilentz também conta que em uma pesquisa com 415 dos maiores historiadores da academia norte-americana, 81% consideraram o governo Bush um desastre completo. A dança dos números parece mesmo assombrar este que foi – logo depois dos ataques do 11 de setembro – o presidente com maior apoio popular da história americana. Agora ele encontra o outro extremo. Nem mesmo Nixon, às vésperas do impeachment em 1974, recebeu a desaprovação total de eleitores de 43 dos 50 estados do país.

E enquanto o professor de Princeton lembra que ele ainda conta com 30% de fiéis, ‘quase-fanáticos’ a apoiá-lo, o duro editorial da The Nation lembra que ‘ainda há tempo de o presidente piorar sua marca’, por exemplo, invadindo o Irã. Mas ambos celebram o fato de que, finalmente, George W.Bush parece estar pagando um preço por sua arrogância. E que se toque o enterro.

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