segunda-feira, março 20, 2006

Para Americano Ver


Michel, no palco, fazendo ‘Regurgitofagia’ em inglês (ou naquela língua bem singular que é Michel falando inglês) me emocionou pacas. Levei uns amigos americanos. Alguns adoraram, outros se divertiram, outros, como eu já esperava, acharam que 'faltou algo mais político, mais orgânico' na peça. Ainda há, por aqui, a visão de que a América Latina tem de apresentar sua faceta social de modo escancarado, beirando o óbvio. Eu curti, muito. Michel é de uma coragem...Quando ele abre a janela do teatro no East Village e sai gritando, em português um 'abaixo à ditadura' e outras coisas mais, dá uma vontade de sair atrás, First Avenue acima, berrando com ele. Eu, hein? Mas que dá, dá!

Engraçado, no entanto, como a presença de Michel por aqui me trouxe, também, uma sensação de desconexão com minha rotina. Talvez a razão se deva ao fato de Michel carregar no rosto a imagem estampada da irmã dele, minha Simone querida. Aí a regurgitofagia quem faz sou eu, soltando pedaços desconexos de saudades de uma parte da minha vida, da minha família postiça carioca, de pessoas próximas que não estão por aqui. Mas banzo passa. Michel, não. Não demora muito ele volta. Manhattan não perde por esperar.

A foto, linda, linda, é da Débora 70.

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