quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Diretinho da Redação (2)

Coluna da semana, saindo do forno. Quem quiser conferir in loco deve passar pelo www.diretodaredacao.com. O texto entrou no ar hoje e é sobre a indústria do casamento aqui nos Estados Unidos. Lá também pode-se ler o impressionante relato do colunista John Hemingway sobre a nova arma eletro-magnética utilizada pelos norte-americanos no Iraque, que faz a vítima sentir-se dentro de um forno de microondas.

Casar é Bom Negócio?

Você sabe quanto custa se casar aqui nos Estados Unidos? O presidente George W. Bush sabe. Ele propõe gastar US$ 1,5 bilhão em ações especialmente direcionadas para as camadas mais pobres da população, traduzidas especialmente em campanhas de valorização do casamento religioso. No momento em que Bush apresenta sua receita de bolo de noiva para “uma das instituições mais importantes da democracia norte-americana”, a união heterossexual, a deliciosa revista Mother Jones oferece em sua mais recente edição o primeiro reflexo de tão importante iniciativa: o incremento da indústria da maridagem, um negócio que já envolve US$ 50 bilhões por ano ao norte do México e abaixo do Canadá.

Um casamento típico por aqui não sai por menos de US$ 22 mil, conta com 168 convidados, que, por sua vez, dão cerca de 100 presentes no valor médio de US$ 85 cada. Mother Jones faz os cálculos e revela que o prejuízo médio no bolso dos noivos é de quase US$ 14 mil. A reportagem mostra também que, apesar de tamanho investimento, 43% dos que estão se casando pela primeira vez acabam se divorciando em no máximo 15 anos. Liza Minelli, por exemplo, gastou, segundo a revista, US$ 7 mil dólares/dia com seu quarto casamento. Também fica-se sabendo que Catherine Zeta-Jones impôs – exatamente como 20% das mulheres deste país – um contrato pré-nupcial com seu querido Michael Douglas. No caso de La Zeta-Jones, ela leva US$ 2,8 milhões para cada ano de casamento em caso de divórcio. A dupla não teve maiores problemas com a festa, que saiu pela bagatela de US$ 1,5 milhão. É que o casal vendeu fotos exclusivas para a revista inglesa Ok! por US$ 1,6 milhão e ainda levou algo em torno de US$ 24 mil depois de um processo em cima da revista Hello!, que publicou fotos não-autorizadas da cerimônia. Casar, como se vê, pode sim ser um bom negócio.

Ainda há outros dados curiosos – 83% das norte-americanas deixam seu sobrenome para trás e assumem o nome de família do marido, mas 61% delas pedem para não usar a palavra “obedecer” em seus votos. Não mais do que 38% dos cidadãos casados se dizem felizes. E se apenas 10% do dinheiro gasto no casório fosse aplicado em um fundo de investimento conservador, daria para custear a educação de uma criança até a faculdade aqui nos Estados Unidos.

Mas não adianta mostrar números, os americanos querem é casar. Prova disso é a quantidade absurda de reality shows dedicados a encontrar o parceiro ideal (a maioria destes shows inclui as despesas da festa para o casal vencedor). São exatamente 27 passando o dia inteiro nos canais a cabo e abertos deste país. Haja aliança!

Em tempo – os casamenteiros que quiserem fuçar as fontes da revista podem clicar em www.motherjones.com/news/exhibit/2005/01/12_400.html.

Um comentário:

Olga de Mello disse...

Amei sua matéria, Edu. O casamento-espetáculo já é moda no Brasil. Não apenas no Brasil das noivas da Globo cujo maior sonho é anunciar uma gravidez no Fantástico ou no Faustão. Mas também no das moças que ainda botam aliança no dedo e se casam com pompa e circunstância, como antes só os ricos faziam para mostrar que eram ricos e tinham dinheiro pra gastar a rodo.
Hoje a cerimônia religiosa é um show com interação entre apresentador (o ministro que preside a solenidade) e "público pagante" (convidados). Depois do contrato assinado, vem o banquete e a festa, que nem sempre têm a sinceridade de júbilo pela formação de um novo casal, mas sim uma demonstração do poderio econômico dos pais da noiva na propagação da sociedade.
O capitalismo é sensacional: trabalhou o produto amor romântico e o utilizou para consagrar uma nova indústria, a do fugaz momento em que duas pessoas se acreditam celebridades.