quinta-feira, maio 08, 2008

Entrevista/EMILE HIRSCH

Estréia esta semana no Brasil o novo longa dos irmãos Wachowski - responsáveis por Matrix - uma aventura tecnológica mais alucinante do que lógica, Speed Racer. A partir do desenho animado (um de meus favoritos quando criança) eles revisitam a história do corredor de corridas mais certinho da face da terra. Infelizmente os excêntricos Wachowski não conversaram com a imprensa (nem a norte-americana), mas conversei com Emile Hirsch (o ótimo jovem ator que brilhou no ano passado com Na Natureza Selvagem) e Matthew Fox (o galã de Lost). A conversa com Emile segue abaixo:


Emile Hirsch

Menino prodígio

Por Eduardo Graça, de Los Angeles


Considerado o novo River Phoenix, o ator de 23 anos falou com exclusividade à Contigo! sobre seu novo longa, Speed Racer, e disse estar ansioso para conhecer as garotas brasileiras.


Emile Hirsch, o protagonista de Speed Racer, superprodução dirigida pelos irmãos Larry, 42, e Andy Wachowski, 40 (os mesmos da cinessérie Matrix) - baseada no famoso desenho animado japonês dos anos 60 que foi exibido no Brasil nas TVs Tupi, Globo, Record, MTV e Boomerang (canal por assinatura) -, com estréia nesta sexta-feira, é a personificação do termo meninão. Nas duas entrevistas que deu à Contigo!, ele exagerou na descontração. No primeiro encontro, no centro de convenções do Autódromo de Long Beach, Hirsch - famoso por aqui pelo filme Show de Vizinha (2004) - manteve despudoradamente as pernas em cima da mesa durante todo o bate-papo. No segundo, em um hotel de luxo de Beverly Hills, simplesmente permaneceu deitado - esparramado - no sofá da suíte, enquanto brincava com o microfone do gravador acoplado no iPod do repórter: "Pontudo ele, não? Será que ele está assim porque ficou feliz em me ver (risos)?".

Hirsch adora provocar e parece ter um certo prazer em deixar o entrevistador encabulado. É capaz de exclamações intensas de espanto e excitamento e de movimentos bruscos de corpo que deixam esse californiano de 23 anos e pouco mais de 1,68 m de altura parecer bem maior do que de fato é. Essa capacidade de expansão pôde ser conferida na tela grande em suas excelentes interpretações do skatista Jay Adams em Os Reis de Dogtown (2005) e especialmente na do estudante Christopher McCandless em Na Natureza Selvagem (2007), dirigida pelo amigo Sean Penn, 47, e baseada em fatos reais.

Depois de viver o herói certinho das pistas de corrida, criado pelo japonês Tatsuo Yoshida (1933-1977) - e que, diz a lenda, irá voltar (o desenho) em nova temporada, com Speed adulto, casado com sua Trixie e correndo o mundo atrás de seu filho perdido -, Hirsch volta a trabalhar com Penn na biografia do político de São Francisco e ativista gay Harvey Milk, em filme dirigido pelo cult Gus Van Sant, 55. Considerado por muitos o River Phoenix (morto em 1993 com os mesmos 23 anos de Hirsch) dos anos 2000, Hirsch disse achar "o máximo" saber que é adorado pelas meninas brasileiras. "Já estou pensando em comprar minha passagem!", brincou, com uma piscadela de olhos e sorriso aberto.

- Você foi muito celebrado por sua atuação em Na Natureza Selvagem no ano passado e não poderia ter escolhido filme mais dessemelhante do que Speed Racer para rodar na seqüência. Foi justamente esse desejo de ir ao outro extremo que o fez investir no 'filme família' dos Wachowski?
- Fazer Speed Racer foi uma maneira de deixar o filme Na Natureza Selvagem, que eu amei, intocado, sabe? Ele é o que é. E ninguém agüentaria me ver de novo fazendo um personagem dolorido, mais um drama, né não? Como cresci vendo as reprises de Speed Racer na televisão, sou fanático por carros de corridas e a trilogia Matrix fez totalmente a minha cabeça, vi logo que esta era a continuação ideal para mim naquele momento! E me joguei mesmo no filme (risos)!


- Este é o primeiro filme comercial de grande impacto que você protagoniza. Sentiu-se pressionado?

- Humm... fiquei mais animado do que temeroso. Mas é claro que você fica um pouco tenso quando o pessoal do estúdio diz: "Menino, olha lá, investimos 120 milhões de dólares neste filme, hein?". Este provavelmente será o maior filme que farei em minha carreira. Quando terei outra oportunidade dessas? Mas o jeito é me manter em forma e pronto para tudo. Uma coisa que faço, para me preparar para qualquer momento, é, ao voltar para casa todos os dias, sair para uma corrida por Venice Beach, onde moro, de pelo menos uma hora. Manter o corpo em ação é meu segredo para a mente ficar sempre calma, pronta para os desafios. E também me alimentar de modo saudável. Você jamais vai me ver comendo dois cheeseburguers nas lanchonetes de Los Angeles! Ultimamente estou obcecado por tênis. Meu melhor amigo (que ele não diz quem é nem por decreto dos estúdios) teve uma lesão muscular e teve de aprender a jogar tênis no processo de recuperação. Agora jogamos o tempo todo!


- Em um primeiro momento foi complicado para você se ver como Speed Racer?

- De fato eu nunca pensei que faria um filme como este. Mas o Speed, assim como eu, valoriza a determinação, é completamente apaixonado pelo que faz e muito ligado à família e amigos. Ele é um gato esperto (risos).

- Como você?
- Não, nenhum ser humano conseguiria ser tão cool quanto o Speed. Mas eu bem que tento (risos)!


- No Japão, os fãs do desenho acharam a sua escolha para o papel perfeita. Os críticos de lá dizem que você é a cara do Speed. Você concorda?

- Claaaaaaro (incrédulo)! Mas não tenho o cabelo do Elvis, como ele (risos)! Não, sério, acho que esta semelhança física provavelmente me ajudou a ganhar o papel. Fiz um teste para o filme, duas cenas, e foi bem divertido. Quando se é escolhido, tem-se certeza absoluta de que se está pronto para fazer o papel. Afinal de contas, até chegarem no escolhido, eles testaram milhares de atores tão bons quanto você.

- Sabia que no Brasil você já é um símbolo sexual? Muitas meninas têm a sua imagem na tela do computador...
- Ah, fala sério! Jura? Gente, não vou mentir, adorei saber disso (risos)! Já fiquei com vontade de viajar para lá. Nunca estive no Brasil. O mais perto que cheguei da América do Sul foi ir a Porto Rico. Minha irmã mora lá e adoro a vida na praia, a cultura, a música. Acho que iria adorar o Brasil. Nossa, que legal isso (risos)!
-

- Mas é tão legal assim saber que se é um sex symbol em um país tão distante?

- Oh, yeah! Claro que sim! Você não quer ficar deslumbrado com isso e achar que ser desejado é um aspecto fundamental de sua carreira, mas quem não gostaria de ser desejado pelas brasileiras? E, claro, tomara que elas se animem a ver Speed Racer. Atenção, meninas: este é o melhor filme jamais feito sobre carros. E vocês vão gostar! Palavra de Emile (risos)!

- Você gosta de dirigir carros?
- Adoro! Vivo para cima e para baixo com o meu Toyota preto. Mas sabe que no filme isso é muito relativo, né? O grande desafio é que se está o tempo todo em uma sala do tamanho de um armazém e a única coisa na sua frente é uma tela verde. O restante foi colocado depois, pelo pessoal da animação. Você pensa que aquilo que viu na tela é uma corrida de carros, mas, vamos ser francos, a única coisa que eu via quando dirigia o Mach 5 e 6 era uma parede vazia. Aqui e ali eu tive de me segurar para não pensar: Emile, você está ficando maluco! (risos). O que nos ajudava muito eram os computadores. Eu via as imagens no laptop dos animadores, em terceira dimensão, e imaginava a cena a partir do que aparecia ali.


- Há algum ator favorito, algum ícone em quem você se inspire ou algum tipo de ator que gostaria de ser? Afinal, você tem uma imensa carreira pela frente...

- Quero ser o tipo de ator que está sempre empregado (risos)! E fazendo bons filmes. Admiro muito o Marlon Brando (1924-2004). A maioria de seus filmes são lições de atuação. E o Sean (Penn), claro. Ele é um modelo para mim, é fantástico atuando e também quando está fora de cena, militando pelas causas que acredita. Exatamente como a Susan (Sarandon), que faz minha mãe em Speed Racer. Aprendi muito com os dois no que se refere a usar sua carreira para militar pelas causas sociais que o interessam.

- Você acabou de trabalhar ao lado de Sean Penn no novo filme de Gus Van Sant, Milk, em que você faz justamente um ativista político...

- E Sean faz o personagem título, o político de São Francisco Harvey Milk, que foi uma espécie de Martin Luther King para a comunidade gay norte-americana. Eu faço o Cleve Jones, que luta para impor sua visão de que seres humanos, de qualquer opção sexual, têm diretos básicos que precisam ser respeitados. Jones, um homossexual, foi o braço direito de Harvey Milk. Nós filmamos no bairro gay de São Francisco e circulei muito no histórico Castro, onde fiz vários amigos. E foi legal estar com Sean sem ele me dirigir. Foi mais leve em um certo sentido, sabe?


- É... imagino ele te dirigindo nas cenas mais radicais de Na Natureza Selvagem. Aliás, nos seus filmes recentes há muitas cenas de ação. É algo que te impulsiona? Você é um desses fãs ardorosos de esportes radicais?
- O que me impulsiona são os personagens por trás da ação. Gosto mais das pessoas do que da ação. Sou um apaixonado por pessoas. Foi isso que me fez querer me tornar um ator.

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