sexta-feira, agosto 29, 2008

A Noite de Obama

O Portal Terra publicou hoje de madrugada meu comentário sobre a bela festa de coroação da candidatura de Barack Obama à presidência dos EUA, ontem, em Denver, no Colorado.

Ó só:

Eleições no EUA
29 de agosto de 2008, 01h54 Atualizada às 03h03
Mídia: discurso de Obama declara "guerra" a McCain
EDUARDO GRAÇA
DIRETO DE NOVA YORK

Um discurso que deu o tom do que será a campanha presidencial nos próximos dois meses: uma batalha duríssima entre dois candidatos fortes e dispostos a chegar à Casa Branca. Os analistas da televisão e da blogosfera apontaram os pesados ataques de Barack Obama a John McCain como a essência do discurso que encerrou a convenção nacional do Partido Democrata em Denver, no Colorado, na noite desta quinta.

"Obama deixou claro que não vai ser um Michael Dukakis, um Al Gore, um John Kerry. Ele mostrou que aqui, bateu, levou. Ele vai bater forte em McCain como fez hoje à noite. Ouso dizer que esta foi uma noite que não será difícil de ser igualada apenas pelos republicanos na semana que vem, mas por qualquer convenção em quatro ou oito anos. Foi histórico", disse o diretor de Política da rede NBC, Chuck Todd.

Na CNN, Anderson Cooper, a principal estrela do canal de notícias, garantia que Barack Obama acabara de fazer "o discurso de sua vida". O veterano de campanhas presidenciais John King foi rápido no gatilho ao lembrar que o senador de Illinois repetia, em certa medida, uma estratégia usada por George W. Bush em seus embates com Gore e Kerry: a de chamar o adversário para a briga. "Ele rebateu, ponto a ponto, tudo o que os republicanos já usaram contra ele, como a acusação de ser uma 'celebridade' e a de ser inexperiente, e mesmo o que poderiam usar, ao buscar um discurso mais voltado para o centro nos grandes temas sociais do país", apontou.

O analista democrata Paul Begala, outro veterano, confessou ter comemorado ao ouvir Obama gritar "Basta!" aos 8 anos de doutrina neo-conservadora em Washington. "Em nove anos de convenções, nunca vi o Partido Democrata bater de frente, com tanta ênfase", vibrava.

Conselheiro de presidentes republicanos como Richard Nixon, Gerald Ford e Ronald Reagan, o professor da Universidade de Harvard, David Gergen, que assistiu à cerimônia pela TV, disse que "Obama lembrou Abraham Lincoln mas também Ronald Reagan. Ele não fez um discurso memorável como o de Martin Luther King Jr., não reergueu a mítica da luta pelos direitos civis, mas estabeleceu uma conversa com a América. Enquanto peça política, foi uma obra-prima. Barack Obama cresceu na tela e pareceu ainda mais presidenciável", disse.

O comentarista Wolf Blitzer, também da CNN, viu em Obama um repeteco do Bill Clinton de 1992. O experiente Tom Brokaw, da NBC, concordou. E lembrou que, ao tratar dos tais grandes temas sociais que pairam sobre os EUA - a imigração ilegal, o casamento de cidadãos do mesmo sexo, o direito ao aborto e o porte de armas - o senador negro buscou um "caminho do meio", que abre as portas para independentes e republicanos votarem no tíquete democrata sem que posições defendidas com unhas e dentes por liberais nas últimas quatro décadas sejam de fato ameaçadas. Para os analistas, o discurso de Obama se sintetiza com uma reapresentação aos eleitores norte-americanos de um homem comum combativo e responsável, que lança um apelo para as mesmas vozes da América Profunda que reelegeram Bill Clinton em 1996.

A Associated Press, a maior agência de notícias dos EUA, que vem sendo acusada pelos blogs liberais e por parte do Partido Democrata de fazer uma cobertura anti-Obama, publicou seu texto analítico, assinado por Charles Babington, com o título de "Obama poupa detalhes e parte para ataques". O analista diz que o democrata quase não sorriu e que sua única estratégia é dizer que "McCain é o mesmo que Bush", mas que os detalhes das políticas que pretende implantar no país seguem desconhecidas.

Os analistas políticos na televisão e na Internet consideraram em geral a reação dos republicanas "fraca". "Eles precisam trabalhar mais numa resposta amanhã, quando anunciarão seu vice-presidente", disse Brokaw. Até mesmo o ultra-conservador Pat Buchanan, para espanto de seus companheiros de análise, disse na MSNBC que "o discurso de hoje foi o maior da história das convenções partidárias".

Outro conservador, Andrew Sullivan, comentarista da revista The Atlantic, disse que "a campanha de McCain apresentou Obama como uma Paris Hilton, um político elitista e cabeça-de-vento. Hoje Obama deu-lhes o troco e os destruiu. Se eles pensavam que estavam lidando com um mariquinhas, eles tomaram um choque de realidade", disse. Todos concordam em um ponto: a guerra está oficialmente declarada, e com Obama na ofensiva.

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