sábado, março 17, 2007

ENTREVISTA/Angelina Jolie & Robert DeNiro - O Bom pastor


A Contigo! que chegou hoje nas bancas brasileiras trouxe entrevistas minhas (e texto da querida Márcia Pereira, de S.Paulo) com seu Robert De Niro e dona Angelina Jolie, respectivamente o diretor e a estrela de O Bom Pastor, filme que estréia este fim de semana nas telonas cariocas e paulistanas.

O Bom Pastor

Eduardo Graça, de Nova York, para a Contigo!

Durante a Segunda Guerra, Edward Wilson (um ótimo Matt Damon) é recrutado pelo general Bill Sullivan (Robert De Niro) para trabalhar na nascente agência americana de inteligência, a CIA. Ao aceitar, deixa em segundo plano seu casamento com Clover (Angelina Jolie). Marido e mulher brigam por tudo e rompem de vez quando o filho decide seguir os passos do pai ausente. A câmera segue a trajetória da família por mais de 35 anos, durante quase três horas de bela fotografia e pouca ação. Leve lanchinho e café - já que pode dar sono.

ENTREVISTA/Robert De Niro



Famoso por dar entrevistas a jato, recheadas de respostas curtas, De Niro até que estava em um de seus bons dias na suíte do Hotel Waldorf-Astoria, no qual falou do
amigo Martin Scorsese, 64, e de sua vontade de dirigir uma seqüência de O Bom Pastor. A seguir, o ator/diretor revela-se, só mais um pouquinho.


Essa é sua terceira experiência na direção. A primeira foi 13 anos atrás...

Nossa, faz tempo! Mas o que me fascinou em O Bom Pastor foi mergulhar no mundo da inteligência secreta, da espionagem. É um assunto fascinante para uma história, um filme. Eu até estava trabalhando em um outro projeto, sobre sociedades secretas, quando esse roteiro chegou a mim. Mas, para me dedicar a ele, fiz um acordo.

Um pacto? Mais sociedade secreta impossível...
Pois é. Disse ao roteirista, Eric Roth, que, se eu concordasse em dirigir o filme, ele escreveria o roteiro para a segunda parte da saga. Sabia que O Bom Pastor estava na lista de uma famosa revista de cinema como um dos dez roteiros jamais produzidos? Acho que ele nunca saiu do papel porque as pessoas o consideravam um projeto caro e ambicioso. Deu mesmo um trabalhão. Cortei várias cenas que se passariam no Irã e no Oriente Médio, por exemplo.

Você volta, nesse filme, a trabalhar com Francis Ford Coppola (produtor do longa), que o dirigiu em O Poderoso Chefão II (1974) e lhe rendeu um Oscar. Diria que há semelhanças entre os filmes de máfia dele e O Bom Pastor?
Há, sim, uma semelhança entre a CIA e a máfia no sentido do culto ao segredo. São organizações profundamente fechadas. Mas nada além disso, né? (Pisca olho, rindo.) A saga familiar do agente Edward Wilson, retratada em O Bom Pastor, também é um ponto de interseção com os filmes de Coppola.

O senhor é muito amigo do diretor Martin Scorsese. Mostrou o filme a ele?
Marty viu o filme algumas vezes antes de ficar pronto. Queria ouvir o que ele tinha a dizer sobre as versões do longa.

Quando as pessoas o abordam nas ruas elas saem recitando frases famosas de seus filmes?
Sim e ainda bem! E também dão opinião sobre o que acham melhor ou pior nos meus papéis (risos).

Acha que agora vai acontecer o mesmo com você atuando por trás das câmeras? Vai haver um novo filme do diretor De Niro logo?

Ah, não sei. Adoro atuar. Mas, como disse antes, quero muito fazer a continuação de O Bom Pastor. Como ator você pode se concentrar no seu personagem, mas dirigir significa pensar em cada aspecto do filme. Por outro lado, você tem um poder de decisão muito maior, inclusive na hora de editar as cenas. Mas não acho, por exemplo, que um diretor que não atua, como o Marty, é menos respeitoso com os atores. No caso dele, por exemplo, é rigorosamente o oposto: tem um respeito quase religioso por nós, que se reflete em seus filmes. Outro dia lhe disse que minha admiração por ele aumentou ainda mais depois que dirigi O Bom Pastor e tive a noção do desafio que é dirigir um filme desse tamanho.

E sua relação com a Angelina? É a primeira vez que trabalharam juntos...
Mandei-lhe o roteiro porque simplesmente a adoro ver em cena. Mas acho, humildemente, que ela nunca fez algo tão intenso, tão brilhante, quanto a Clover de O Bom Pastor. Ela superou minhas expectativas, com certeza.


Entrevista/Angelina Jolie




Sua personagem em O Bom Pastor exibe frases curtas, imensos silêncios e um trabalho corporal delicado. É uma interpretação minimalista. Foi proposital?
Sim, foi! Como Bob (De Niro) queria fazer algo fiel aos anos 40 e 50 e à camada de mistério que a criação da CIA exigia, todos no set tínhamos de nos preocupar em fazer gestos de gente fina. Por exemplo, mover as mãos assim (levando-a até o queixo, bem devagar), mais graciosamente. Finalmente aprendi como se usa um guardanapo à mesa (risos). As mulheres dessa época eram especialmente reprimidas...

Isso parece perturbá-la...

Bem, foi um senhor desafio para mim encarnar uma mulher submissa (risos). É totalmente contra meus instintos mais naturais, digamos assim (mais risos). Quando eu e Matt (Damon) tivemos uma cena em que ele grita comigo e me empurra, é especialmente bruto. A gente teve de se segurar para não cair na gargalhada. Só nós dois sabíamos porque estávamos com aquela cara engraçada. É que estávamos com os papéis trocados: ele sendo tão malvado e eu tão cândida (risos)!

Levou essas lições aprendidas no set para o seu dia-a-dia?

Ah, sim! Menos os valores profundamente hipócritas da América do pós-guerra e mais um certo culto à elegância, que se perdeu no meio do caminho. Certos gestos especialmente delicados vou tentar levar comigo, juro (risos)! Mas, ao mesmo tempo, Clover, minha personagem, era uma mulher especialmente carente, que, por exemplo, fica bêbada na frente do filho, coisa imperdoável para mim. Também jamais fumaria na frente de meus filhos.

Você terminou O Bom Pastor e fez, na seqüência, a viúva do jornalista americano Daniel Pearl, em outro thriller político. Foi coincidência?

Mas aí você também pode pensar que é coincidência eu continuar lidando com espionagem, como em Sr. & Sra. Smith. A verdade é que estou amadurecendo e, cada vez mais, interessada em filmes que tenham algum tipo de mensagem política. E, hoje, os grandes estúdios sabem que eu simplesmente me recuso a passar sete meses filmando longe de meus filhos. Então, não dá mais para fazer um filme de ação.

Como resolve esta charada: carreira X crianças?

Não tem charada. Ficarei mais em casa mesmo. Eu e Brad decidimos que vamos nos alternar: quando um estiver filmando, o outro necessariamente estará com as crianças, em casa. E temos um pacto: decidimos quem vai trabalhar a partir do grau de paixão despertado por cada projeto. Mas lhe garanto que os dois pensam que o felizardo é aquele que ficará com os meninos.

Seu personagem, no filme, lida com sentimentos de vingança em relação ao ex-marido. Você se vê nesse papel na vida real?
De jeito nenhum (risos)! Sou amiga de meus dois ex (Jonny Lee Miller, 34, com quem foi casada de 1996 a 1999, e Billy Bob Thornton, 51, casada de 2000 a 2003). E, quando nos separamos, o fizemos porque entendemos que era o melhor para o crescimento de cada um. Foi justamente para não entrarmos em um relacionamento doentio, especialmente quando crianças estão envolvidas.

Você é um dos rostos mais conhecidos do mundo. Há algum lugar em que não a reconhecem?
(Rindo muito.) Mas é claro que sim! Por exemplo, eu acabo de passar alguns dias em Springfield, uma cidadezinha do estado do Missouri, onde vive toda a família do Brad, e ninguém me reconheceu, lá. Eu juro (risos)!

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