sexta-feira, novembro 24, 2006

HAPPY FEET/Folha de S.Paulo


Saiu hoje na Folha de S.Paulo (aqui, para assinantes da Folha ou do UOL) meu texto sobre o filme Happy Feet - o Pingüim. Conversei com os atores Robin Williams e Elijah Wood e com o diretor George Miller. Também saiu esta semana, na Contigo! (aqui, apenas para assinantes), meus pingue-pongues com Wood e Williams. Sim, o filme é bem engraçadinho.

Cinema

Pingüim bate 007 e chega ao país


Versão brasileira tem Daniel de Oliveira e Magal substituindo vozes de Elijah Wood e Robin Williams

Para Wood, "Happy Feet", animação que superou bilheteria de James Bond nos EUA, ensina a valorizar senso de individualidade

EDUARDO GRAÇA*
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

Uma legião de pingüins animados por computador tomou de assalto os cinemas americanos no último dia 17 e chega hoje ao Brasil, com as vozes de Daniel de Oliveira (no lugar do "hobbit" Elijah Wood) e Sidney Magal (substituindo Robin Williams) na versão dublada.
"Happy Feet: O Pingüim" já amealhou US$ 42 milhões nas bilheterias americanas, superando o novo James Bond e seu "Cassino Royale" na disputa pelo topo da lista na primeira semana do lucrativo período de feriados nos EUA, que começa no Dia de Ação de Graças (ontem) e vai até o Ano Novo.

"Happy Feet" conta a história de Mano, um pingüim imperador (os mesmos retratados em "A Marcha dos Pingüins", vencedor do Oscar no ano passado) que, ao contrário de seus pares, é incapaz de cantar. Com a voz e os imensos olhos azuis de Elijah Wood, Mano é um exímio dançarino, mas precisa deixar o conforto da vida ao lado dos pais (nas vozes de Hugh Jackman e Nicole Kidman) e encontrar os amigos Ramon, um machão latino, e Lovelace, com seu timbre emprestado de Barry White (ambos na voz de Robin Williams), para descobrir que não existe mal nenhum em ser diferente. "A grande mensagem do filme é a valorização do senso de individualidade", diz Wood em entrevista à Folha. "Aquilo que aparentemente nos separa uns dos outros é, muitas vezes, a essência do que somos, e devemos celebrar isso com intensidade. Eu me sinto extremamente satisfeito por ser, em muitos aspectos, bem diferente da imagem convencional de uma estrela de Hollywood."

Elvis e Robin Williams

Uma das razões do sucesso de "Happy Feet" é a trilha sonora, que também alcançou os primeiros lugares das paradas musicais. Há de tudo um pouco -Elvis, Beach Boys, Beatles, Prince e até Robin Williams cantando "My Way" em espanhol. "O George [Miller, diretor] pediu, e acabou saindo essa coisa meio "Brokeback Mountain" que é o Ramon cantando para o Mano: "No lo sé como te dejar'", brinca Williams, tentando criar algo como o som de um pingüim cantor de tango, para a diversão de Wood, que cai na gargalhada: "O que mais me fascinou no Mano foi essa desconexão dele com as opiniões negativas que os outros têm dele. Por ingenuidade e uma enorme auto-confiança, ele não dá bola para o julgamento alheio. Esta é uma senhora qualidade que busquei exacerbar na hora de colocar a voz no estúdio", diz.
Foi George Miller quem decidiu incluir no projeto temas sérios, como os danos causados na Antártica pela indústria pesqueira, o aquecimento global, a violência e a imigração ilegal, com a velha fábula do patinho feio incrementada por problemas contemporâneos caros a crianças e adultos.

"A parte mais assustadora ficou concentrada na ação dos leões marinhos, que me lembram os momentos mais sombrios de clássicos da Disney, como "Bambi" e "Pinóquio'", diz Miller. "E mesmo o público mais conservador, mesmo os evangélicos que não acreditam em aquecimento global, conseguirão se identificar com personagens mais autoritários do mundo dos pingüins", completa, com certa dose de ironia.

* O jornalista EDUARDO GRAÇA viajou a convite da distribuidora Warner

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